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Seremos melhores depois disto. Temos muito a aprender

Inesperadamente uma pedrinha na engrenagem. A obrigatoriedade de uma pausa, uma pausa absoluta nas nossas vidas. Uma pausa fisica, temporal e talvez também existencial.

Em tempos de incertezas, de duvidas e até de medos deslumbro-me com as possibilidades: talvez a doença nos faça mudar e nada volte ao mesmo!!

Rendimento garantido a toda/os aquele/as com filhos menores de 12 anos que queiram ficar em casa e cuidar deles ou dos filhos de outros.

Rendimento garantido a todos os maiores de 60 anos que queiram deixar de trabalhar.

Criação de um fundo de solidariedade, para o qual revertem lucros, mais valias, salários e pensões acima de um determinado valor. Casas para quem delas precisa.

Auto organização massiva de redes de ajuda a nível do prédio , da rua, do bairro... Entre jovens e idosos, pessoas com mobilidade reduzida, doentes... Vizinhança solidária, cidadania em acção diária.

Basta de aviões por desporto, de turismo de massas que tudo engole e descarateriza. Quer conhecer um sítio vá morar para lá, um ano no mínimo!

Chega de fábricas do outro lado do mundo a produzir o lixo de amanhã ao preço do aquecimento global.

Produção local, distribuição curta, consumo consciente. Sazonalidade dos consumos.

Soberania alimentar, de produtos básicos e de energia em cada país. De preferência através de sistemas descentralizados de produção coletiva.

Para quê gente amontoada em mega cidades, com tanto espaço lindo?!

Redução ao mínimo da utilização de combustíveis fósseis, seja por diminuição séria da produção industrial ou por alteração profunda das necessidades de deslocação, privilegiando - se o teletrabalho e evitanto deslocações.

Trabalho por objectivos e não por horários.

Centrar a educação na aprendizagem e interajuda e não no ensino.

Utilizar os recursos informáticos e de telecomunicações para facilitar e simplificar a vida das pessoas, evitando o papel e a repetição de procedimentos idiotas.

Aumentar o conhecimento sobre o funcionamento democrático da sociedade, a política, os impostos, direitos e deveres. Perceber e valorizar não só os futebois e as novelas do mundo mas o funcionamento das instituições.

Parar o país, não para uma final , mas para uma conferência de imprensa ou uma eleição!

Ter tempo para aprender as coisas importantes da vida: fazer uma sopa, preencher uma declaração de impostos, entender um orçamento doméstico, mudar um pneu , cozer um botão, usar um berbequim, criar um filho, limpar uma casa, namorar, errar, pedir desculpas ...

Fazer as coisas importantes da vida com tempo: comer, dormir, amar, cuidar de nós e do que nos rodeia, trabalhar , aprender, rir, dançar, criar.

Limpar com amor e gentileza o nosso corpo e a nossa casa.

Valorizar a responsabilidade individual, no pensar , no fazer, no decidir. Integrar a responsabilidade coletiva como uma dimensão da nossa responsabilidade individual.

Cantar, aplaudir, valorizar e agradecer com sinceridade a quem recolhe o lixo dos caixotes, a quem faz pão, a quem trabalha num hospital e a todas as outras profissões, porque são indispensáveis.

Nada voltará a ser como dantes!

Mesmo quando tudo passar.

Sobre o/a autor(a)

Professora. Ativista social
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