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A irmã gémea da Fabrióleo

Um programa de televisão (Sexta às 9) trouxe de novo para a praça pública a Fabrióleo e as consequências da sua laboração. E ficámos todos a saber que em Vendas Novas surgiu uma fábrica gémea daquela que se situa no Carreiro da Areia – a Extraolis, Oils 4 de Future.

E ficámos todos a saber que em Vendas Novas surgiu uma fábrica gémea daquela que se situa no Carreiro da Areia – a Extraolis, Oils 4 de Future.

Foi inaugurada em Junho do ano passado e para além de prejudicar a população com os maus cheiros já é responsável por um enorme estrago/prejuízo na ETAR, que acarreta custos enormes para o erário público.

A ordem de encerramento da Fabrióleo, que ainda anda pelos Tribunais, coincide com a preparação desta nova fábrica e com a candidatura a fundos comunitários, tendo sido os seus proprietários obsequiados com 1.585.000,00 euros (um milhão quinhentos e oitenta e cinco mil euros).

Ficámos a saber pela reportagem que já não quer o financiamento e vai devolver a parte que já recebeu. Porquê? “Por causa das perseguições”… Será mesmo assim? Já estamos habituados a coisas muito estranhas quando se fala desta empresa, mas esta “desistência” tem que ser explicada. O governo deve essa explicação.

E o Governo, nomeadamente o Secretário de Estado João Paulo Catarino tem que explicar também, assim muito devagar, como é que é possível ter proferido as seguintes frases:

Este projeto “é um exemplo muito bonito do que está a acontecer um pouco por todo o país, e demonstra que os jovens, empresários e autarcas estão a fazer um país novo”. Ver “territórios de baixa densidade com projetos tão bonitos em áreas de futuro”, e termina “É um dia de festa para todos nós”.

O senhor Secretário de Estado, ironia do destino, hoje com a pasta da Conservação da Natureza, está desde já convidado a vir ao território de baixa densidade no concelho de Torres Novas, mais concretamente ao Carreiro da Areia a ver o que a fábrica gémea daquela que foi inaugurar, propriedade das mesmas pessoas (embora utilizem um apelido diferente em Vendas Novas), fez e continua a fazer a este território e às pessoas que lá vivem e também à natureza.

Este senhor Secretário de Estado pertencia ao mesmo Governo que o Ministro do Ambiente que disse publicamente e perante as Câmaras de televisão que a Fabrióleo é “um infractor militante”, pertence ao mesmo governo que tutela o IAPMEI que após várias inspecções se decidiu pelo encerramento da empresa.

É caso para perguntar se estamos a brincar com coisas muito sérias?

O Presidente da CCDR do Alentejo, Roberto Grilo (nomeado pelo Governo a quem responde) também diz: “Aquilo que aqui está é algo notável ao nível empresarial”. A quem custe a acreditar ou tenha dúvidas basta consultar a página da Rádio Campanário aqui

Todas as pessoas têm direito a recorrer das decisões dos Tribunais. Estamos num Estado de Direito. Mas o Estado de Direito não pode ser refém de quem abusa da Justiça, protelando, adiando as decisões para levar ao desgaste. O Estado de Direito não pode ser refém de quem não cumpriu a Lei – como o caso presente – a localização da empresa em Torres Novas não está de acordo com os planos de ordenamento do território e até desobedeceu quando entidades públicas disseram para parar – caso da construção da ETAR que teve um embargo, ignorado pela empresa.

Os relatórios das inspecções não deixam margem para dúvidas. Prevaricam e prevaricam reiteradamente.

Que mais será preciso acontecer para esta situação ter um fim? Não chega já de sofrimento de uma população? Não chega já de atentados ao ambiente? Ribeiras, rio Almonda, o ar que respiramos… Tudo para quê?

Para alguns lucrarem. Como diz Pedro Silva (em Torres Novas Pedro Gameiro) “Partimos o porquinho mealheiro, e investimos em Vendas Novas”.

É caso para dizer… que grande porquinho.

Artigo publicado em mediotejo.net a 29 de janeiro de 2020

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda. Vereadora da Câmara de Torres Novas. Animadora social.
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