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Agressão a uma cidadã negra na Amadora: o acaso não existe

O Sindicato Unificado da PSP (SUP), que tem defendido pública e energicamente o agente acusado de agredir uma mulher negra na Amadora, é dirigido por um candidato do CHEGA, conhecido da Justiça por falcatruas com dinheiro público.

O Sindicato Unificado da PSP (SUP), que tem defendido publica e energicamente o agente acusado de agredir uma mulher negra na Amadora, é dirigido por Ernesto Peixoto Rodrigues, candidato do CHEGA, comentador da CMTV, conhecido da Justiça por falcatruas com dinheiro público e por faltar 83 dias seguidos ao trabalho, o que lhe valeu uma aposentação compulsiva.

Ernesto Peixoto Rodrigues e o SUP ficaram conhecidos quando assumiram de forma absolutamente corporativa e cega a defesa dos agentes da Esquadra de Alfragide acusados de rapto, agressão, tortura e racismo contra um grupo de jovens da Cova da Moura, concelho da Amadora. 16 dos 17 agentes que foram acusados pelo Ministério Público são sócios deste sindicato.

E, agora, adivinhem onde e como nasce o “Movimento Zero”, ao qual André Ventura sempre se associou? Na sequência das condenações deste grupo de agentes da Amadora, como bem avisou o Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT).

A esta altura, não espantará ninguém que seja um sindicato ligado ao CHEGA a divulgar fotografias das mãos do agente acusado de agredir Cláudia Simões e a liderar a narrativa pública de culpabilização da vítima. Portugal tem um problema de infiltração da extrema direita nas suas forças de segurança, de tal forma significativo que instituições internacionais como o Conselho de Europa se sentem obrigadas a denunciá-la nos seus relatórios.

Portugal precisa de enfrentar este problema com urgência. A excessiva politização das forças de segurança e, acima de tudo, a sua crescente partidarização degradam o Estado de Direito. Nenhuma democracia se aguenta com repetidas suspeitas sobre a ação e motivação das atuações das suas forças de segurança, principalmente em territórios onde a pobreza e exclusão social se manifestam de forma mais intensa.

Não existem soluções mágicas. Mas vivemos num momento em que a coragem reformista se tem de impor. Portugal deve colocar em prática as recomendações que as instituições internacionais fazem há largos anos e olhar para os melhores exemplos aplicados noutros outros países. Por outro lado, as condições de trabalho de muitos agentes e as remunerações de toda a classe estão muito longe da exigência da missão que a sociedade lhes atribui. Acabar com a bolsa de insatisfação que aqui se alimenta é devedora de um amplo consenso nacional.

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda. Sociólogo.
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