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Passes mais baratos atraem passageiros aos transportes públicos
Numa altura em que se discute a emergência climática e o seu impacto nas políticas de mobilidade nas áreas metropolitanas, a medida de redução do preço dos passes sociais veio atrair mais gente para os transportes públicos e ao mesmo tempo aliviar a carteira de centenas de milhares de famílias.
Apesar de o programa de apoio à redução tarifária ter sido aplicado também às comunidades intermunicipais, que puderam escolher entre reduzir preços dos passes ou apostar no investimento na sua rede de transportes públicos, o principal impacto da medida foi sentido por quem vive nas principais áreas metropolitanas, como Lisboa e Porto. Embora nesta última ainda se façam sentir os atrasos na implementação dos descontos, nomeadamente o do passe família, que ainda não existe no Porto, alegadamente por “razões técnicas”.
A aposta no aumento da utilização dos transportes públicos veio contrariar a política seguida pelo anterior governo do PSD/CDS, que deixou degradar os serviços e adiar investimentos, ao mesmo tempo que aumentava o preço dos passes, uma vez que pretendia vender a grupos privados as empresas públicas de transportes. Esse plano foi afastado com a celebração do acordo entre PS e Bloco no início da legislatura, que impedia expressamente privatizações. No entanto, o atraso no investimento necessário em meios humanos e materiais não pôde ser recuperado a tempo nos quatro anos da legislatura e as dificuldades sentem-se diariamente, em particular no serviço ferroviário e fluvial.
A atração de utilizadores dos transportes públicos nas maiores áreas metropolitanas não se limitou aos que aproveitam a poupança nas deslocações pendulares entre casa e trabalho. O número de passes para maiores de 65 anos aumentou 35% na Grande Lisboa e 56% no Grande Porto, o que representava em setembro um aumento de 40 mil idosos a viajar em transportes públicos. Este aumento pode justificar os números de aumento de tráfego ao fim de semana e fora das horas de ponta.
Para além do ganho económico para estes utilizadores, os especialistas apontam também um ganho em termos de qualidade de vida, com o acesso facilitado a serviços públicos e também ao lazer e oferta cultural. A possibilidade de se deslocar por toda a área metropolitana a preço reduzido aumenta também a possibilidade de estes idosos manterem o contacto social, combatendo dessa forma a solidão, o que se traduz em ganhos para a saúde.
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