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Salvar o Planeta, é preciso!

Em vésperas da greve climática estudantil, que recolheu adesões de norte a sul do país, do litoral ao interior importa ter presente alguns dados resultantes de estudos sobre o aquecimento global que o império tenta escamotear.

A presença natural de gases de efeito de estufa (GEE) na atmosfera (menos de 1%), ao controlar os fluxos de energia através da retenção da radiação infravermelha irradiada a partir da superfície terrestre (o chamado efeito de estufa, que impede que parte desta se perca para o espaço), permitiu que a temperatura na Terra proporcione condições ambientais favoráveis à vida no Planeta.

”Mas este sistema de auto regulação passou a estar em causa devido à intervenção humana.

A atividade económica a partir da revolução industrial tem modificado o balanço destes gases na atmosfera, através do aumento exponencial das emissões de GEE. Acresce que a desflorestação ditada pela exploração de minérios, indústria agropecuária e comércio de madeiras nobres impede a sua remoção natural. O crescimento da sua concentração na atmosfera tem como consequência mais imediata o aumento da retenção das radiações e, consequentemente, o aumento de temperatura da terra.

A ONU vem promovendo diversas iniciativas com vista a consciencializar os países sobre a necessidade de inverter este ciclo. É neste contexto que em 1997, foi aprovado Protocolo de Quioto, que definiu objetivos de redução de emissões “juridicamente vinculativos para os países desenvolvidos”.

Seguiram-se diversas iniciativas de que se destaca a Conferência de Paris sobre as Alterações Climáticas decorreu de 30 de novembro a 11 de dezembro de 2015 que aprovou um Acordo com vista a operacionalizar o Protocolo de Quioto, bem como cimeiras do Clima sob a égide das Nações Unidas.

No entanto estas conferências não se têm traduzido num esforço real dos países mais desenvolvidos para diminuir drasticamente as emissões de gases com efeito de estufa, sendo que nas vésperas da 24ª Conferência do clima, em Katowice, Polónia, de 3 a 14 de dezembro de 2018, o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM) Petteri Taalas alertava para as concentrações na atmosfera de dióxido de carbono (CO2),decorrente do uso de combustíveis fósseis, deflorestação e alteração dos usos do solo.

Infelizmente, mais uma vez, a ambição do lucro a qualquer preço, sobrepôs-se ao mais elementar bom senso. Quando se coloca o problema das alterações climáticas, o que está em causa é o velho problema do modo de produção e do paradigma económico capitalista que compromete as relação harmoniosa do ser humano com a natureza e das pessoas entre si no seio da sociedade, pressupostos do desenvolvimento sustentável.

De novo se questionam a organização da sociedade, a propriedade dos meios e o modo de produção, trazendo para a ordem do dia novas questões como a alternativa eco socialista.

Ainda vamos a tempo de inverter a tendência do aquecimento global, mas para isso seria necessária a coragem de romper com o modelo de crescimento económico dos países capitalistas assente na obtenção do lucro a qualquer preço. Urge uma aposta corajosa em alternativas aos combustíveis fósseis e romper com a utilização de fertilizantes e herbicidas, altamente prejudiciais para o ambiente e para as pessoas.

Iniciativas como a greve climática estudantil têm neste contexto um papel crucial. Trata-se de assumir a centralidade ao combate às alterações climáticas, pugnando pela alteração de um paradigma que põe o Planeta em risco. O facto de este movimento ter nascido no meio estudantil é revelador da crescente consciencialização dos jovens e constitui um fator de esperança.

Como alguém já disse não há Planeta B, pelo que é urgente mobilizar-nos a nível global para salvar a Vida na Casa Comum da Humanidade!

Artigo publicado em Interior do Avesso

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda. Professora.
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