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Mexam-se, eles acordaram!
Está em marcha um movimento internacional para proteger o nosso planeta, dia 15 de março milhares de estudantes exigem que as soluções sejam tomadas para desacelerar as alterações climáticas. Nos Açores, 6 ilhas saem às rua. Tudo porque alguém se levantou do sofá, alguém com menos de 18 anos.
Mas, como sempre os jovens estão a ser desvalorizados, desta vez sobre as Alterações Climáticas. Isto porquê? Uma jovem sueca, Greta Thunberg, decidiu defender aquilo que a nossa educação está sempre a repetir: temos de adotar comportamentos verdes para podermos diminuir a nossa pegada ecológica e contribuir para desacentuar as alterações climáticas. Greta faz greve às aulas todas as sexta-feiras por esta causa, como ajuda? Simples: como pode um Estado incutir uma educação nos seus alunos e não primar por a fazer cumprir? A resposta é simples: não pode. Esta resposta tão simples conseguiu mover milhões de cidadãos, milhões de jovens. Porquê jovens? Mais simples ainda: é a nossa geração que vai acartar com os custos de uma gestão irracional dos recursos naturais. É mais do que urgente pressionar os decisores políticos para adotarem as soluções que tanto verbalizam, mas não praticam.
Claro que um movimento grandioso não o seria caso não existissem vozes a tentar dissuadi-lo, neste caso a jurar que este movimento serve para os alunos se poderem «baldar» às aulas. Só afirmar que se trata meramente de um dia penso já ser argumento suficientemente arrebatador, contudo vou empreender numa resposta um pouco mais elaborada:
O ser humano é um ser racional, pensante. Hoje apela-se a que haja espírito crítico a fim de se poder exercer uma cidadania ativa e consciente. Assim sendo, erguer a voz sobre um assunto que nos é ensinado de ser de grande importância é algo, mais do que expectável, crucial. Quando os jovens, sinónimo de futuro, erguem a voz estão a demonstrar o seu interesse pelo que os rodeia. Ao contrário do que se possa pensar, não existe uma melhor idade para existir maior honestidade intelectual, compaixão humana e dinamismo ousado como na juventude. É óbvio que criticar os outros é sempre mais fácil; é óbvio que acusar os jovens de falta de maturidade é mais fácil; é óbvio que destruir é mais fácil que construir; é óbvio que afirmar a falta de ação dos jovens é mais fácil; é óbvio que realçar o desejo de baldismo dos jovens é mais fácil. O que nunca parece ser fácil para os “adultos” é agir, e quando veem os jovens a fazê-lo criticam-nos por se mexerem ! Temos de parar com esta hipocrisia de quem nada faz para mudar o que está mal e critica quem o faz. Se os jovens se levantam para defender o seu futuro só uma coisa poderá acontecer: um futuro melhor virá. Por causa deste movimento estou certo que uma camada de jovens líderes aparecerão, a idade média dos representantes eleitos vai descer. Se é verdade que é preciso experiência para ser bom, também o é a necessidade de pôr as mãos na massa para a adquirir.
Desta forma, a bem de todos, se pede que aqueles que se movem pela inércia façam algo. Mexam-se. Só assim têm credibilidade para se pronunciar. Caso contrário, não estorvem quem pretende um mundo melhor.
É necessário ter em conta outro aspeto para arrumar de vez esta discussão. Nunca houve tanta informação (nem tanta desinformação). No meio dela é necessário sermos extremamente rigorosos em selecioná-la, pelo que devemos ter um espírito crítico aguçado. No meio do manancial de informação algo é gritante: o nosso planeta está com problemas. Isto é suportado pela ciência, aquela que para o bem e para o mal sempre ajudou a humanidade a se desenvolver. Duvidarmos de um estudo científico é normal e até é saudável para o desenvolvimento dessa área, no entanto duvidar de um cuja esmagadora maioria da comunidade científica aprova já se trata de fanatismo. Duvidar das alterações climáticas é fanatismo. É certo e sabido o argumento de que as mudanças no clima sempre existiram e vão continuar a existir, quer o Homem exista, quer não. Está correto. O problema aqui não é esse, nem é sequer adiar o inevitável. O problema consiste em ter as atividades antropogênicas a acelerar esse processo, desequilibrando o normal processo de dinâmica que se tem vindo a desencadear ao longo de toda a História.
A nossa luta não é alterar o clima, a nossa luta é fazê-lo reger-se pelas causas naturais.
Acelerar este processo é comprometer as gerações seguintes onde nós, jovens, estamos incluídos. É essa a razão pela qual estamos aqui, a falar, a debater, a refletir, a exigir ações.
É neste momento que percebemos que a Greve Climática Estudantil é uma lição dada pelos jovens a toda a humanidade: numa era global é necessário ter a maturidade para estarmos juntos, não importa as ideologias, nas questões essenciais.
«#SchoolStrike4Climate» é o sinónimo de mudança, da mudança social, onde temos que ser a mudança que queremos ver.
Nós temos que estar juntos na solução para este problema. Se não os adultos infantis, as crianças maduras tomam a ação, alguém tem que fazer algo para o futuro. Inércia é que não.
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