Depois de ler Brecht é impossível continuar a ouvir o mesmo texto sem ver o quadro de luta com a parede em salitrada que lhe tenta ceder, os meios-tons diacrónicos e cromáticos que compõem um digno tratado do vão combate.
Seremos (artistas, filósofas, historiadoras) decodificadoras do quotidiano se retornamos às mesmas formas? Quem nos garante que a melhor maneira de matar uma é instituir outra se todas retornam?
Na nova era da cultura, mais do que a inteligência do sensível ou a emoção estética, privilegiam-se os engenhosos, a sua capacidade, tal como as máquinas, de adensar o volume da corrente de emoções rápidas. A comunicação cultural é um caudal de ventos ciclónicos.
Ao estar na periferia do campo de poder político; por ser quase inexistente, silenciada ou subtraída nele, a mulher musical tem uma forma de reconstruir pedaços da narração memorialística e de tomar posição.
Em alturas de insurgência artística, por exemplo, os incendiários parecem estar todos na casa-grande, varre-se dos pinhais a memória e começam a assenhorar-se do terreno alheio.
É preciso olvidar para que a revolta se mantenha, para que uma nova vontade de poder surja. Quais serão os meios se o importante for criar e manter relações artificiais?
Todas as ânsias de superiorizar uma ideia de dominação estão presentes em algum momento nos artistas, em alguns a vida toda, não se emanciparam desse lugar, até por isso as temos de compreender melhor em nós. Por Soraia Simões de Andrade.
A inteligência não se adquire por decreto ou número de graus académicos; um dos sinais inequívocos da falta de inteligência é a intolerância ao pensamento longe dos trâmites habituais, sendo isto assim em todas as capelas políticas, académicas, culturais, artísticas.
Neste ensaio, Soraia Simões de Andrade analisa o pensamento do filósofo britânico John Gray que ataca o humanismo filosófico, uma certa cosmovisão que tem incorporado ideologias religiosas extremistas do mundo moderno, a ciência e o avanço da tecnologia.