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Fascismo

É tempo de acordarmos e de não temer chamar o fascismo pelo seu verdadeiro nome. O fantasma que percorre o mundo vai-se aninhando na Hungria, na Polónia, na Itália, nos E.U.A., nas Filipinas, e hoje no Brasil.

Um fantasma percorre o mundo e o seu nome é fascismo. Um fantasma que muitos/as teimavam em não ver, porque o fascismo envergonha a humanidade e uma vergonha dessas não poderia ser repetida. Porque aqueles que vieram ontem com botas cardadas não se atreveriam a reaparecer hoje com pezinhos de lã.

Pois bem, a vitória de Bolsonaro no Brasil tem que ser saudada com os nomes todos: é a vitória da ideologia fascista, que julgávamos acantonada a franjas marginais da sociedade.

Em 1995, Humberto Eco alertava-nos para as 14 características permanentes do fascismo; o que é chocante é verificar como essas características estão todas presentes na retórica de Bolsonaro, como o machismo, a obsessão pelas armas, a linguagem básica, populista dirigida contra grupos sociais específicos, o medo pela diferença, a exploração oportunista das frustrações sociais ou o discurso de ódio e de intolerância, e que mesmo assim o voto da vitória lhe tenha sido conferido.

É tempo de acordarmos e de não temer chamar o fascismo pelo seu verdadeiro nome. O fantasma que percorre o mundo vai-se aninhando na Hungria, na Polónia, na Itália, nos E.U.A., nas Filipinas, e hoje no Brasil.

E, talvez, pelo facto do Brasil nos ser emocionalmente mais próximo, a vitória de Bolsonaro nos pareça mais incrédula do que aquele fascismo que na Europa permanecia latente, reapareça e conquiste espaço.

A presa do fascismo é a Democracia, a sociedade justa, plural, tolerante que os Povos a custo vêm construindo desde o fim da segunda Guerra Mundial. Os novos fascistas não precisam de um golpe de Estado para chegar ao poder, aprenderam a sequestrar a democracia pela manipulação das redes sociais, instigando o boato, o medo e o ódio.

A fragilização da Democracia é feita pela diminuição dos direitos sociais, pela restrição dos direitos fundamentais, pela degradação das condições de vida dos Povos e pela manipulação das expectativas frustradas de grande parte das sociedades.

É hora de travar o retrocesso que se pretende em todas as conquistas que foram feitas. É hora de lutar contra o fascismo que ensombra os direitos de todos e todas nós, senão corremos o risco de “ontem eles, amanhã nós” e hoje aqueles/as que argumentam a vitória da extrema-direita sejam também prisioneiros/as do monstro que ajudaram a levantar.

Sobre o/a autor(a)

Deputada do Bloco de Esquerda na Assembleia Regional dos Açores. Licenciada em Educação. Ativista pelos Direitos dos Animais. Coordenadora do Bloco da Ilha Terceira
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