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Quem é Claudia Sheinbaum, a primeira mulher a governar a Cidade do México

Fundadora do PRD e do Morena, Claudia Sheinbaum foi a porta-voz do recém-eleito presidente mexicano na campanha presidencial de 2006, após integrar o seu governo da Cidade do México, entre 2000 e 2005, formado pelo partido que agora derrotou.
Claudia Sheinbaum e López Obrador têm partilhado o mesmo rumo político, do PRD à fundação do Morena. Foto na página de Facebook de Claudia Sheinbaum.

Ao fim de mais de 20 anos de poder na Cidade do México, que tem o estatuto de estado (Distrito Federal), o Partido da Revolução Democrática (PRD) perdeu a eleição do passado domingo para os seus dissidentes do Movimento Regeneração Nacional (Morena), o projeto político lançado por Andrés Manuel López Obrador — mais conhecido pelo acrónimo Amlo — após a derrota nas eleições presidenciais de 2012.

A vencedora, Claudia Sheinbaum, tornou-se a primeira mulher eleita para liderar o governo da Cidade do México, numa eleição em que obteve 47% dos votos, derrotando a candidata da coligação formada pelo PRD e o Partido Ação Nacional (PAN).

Para esta física doutorada em engenharia energética na Universidade Nacional Autónoma do México, descendente de judeus emigrados no país, não se trata de uma estreia no governo deste estado mexicano. Sheinbaum teve a pasta do Ambiente no governo do PRD, partido de que foi fundadora, liderado por López Obrador entre 2000 e 2005.

A proximidade política de Claudia Sheinbaum ao recém-eleito presidente do México prosseguiu na campanha presidencial de Amlo em 2006, que perdeu para Felipe Calderón, do PAN, por meio ponto percentual. O resultado não foi reconhecido por Obrador, que chegou a formar o seu próprio “governo legítimo” para responder à fraude eleitoral que denunciava. Sheinbaum fez parte da equipa de Amlo neste governo simbólico.

Claudia Sheinbaum voltou a integrar o elenco que Amlo apresentou para o seu futuro governo na campanha para a eleição presidencial seguinte, em 2012. E que voltou a perder, desta vez por 6.5 pontos percentuais, para o candidato do Partido Revolucionário Institucional (PRI) Enrique Peña Nieto.

Em 2014, a agora governadora da cidade do México acompanha Amlo na criação de um novo projeto político, fundando o Morena. Abandonaram ambos o PRD, que governou o distrito federal desde a primeira eleição direta para governador, em 1997, para ser derrotado apenas 1 de julho de 2018.

Conhecida por defender os direitos das mulheres e das comunidades indígenas, a par das causas ambientais, Claudia Sheinbaum teve responsabilidades executivas no poder local já sob a sigla do Morena, ao ganhar as eleições de 2015 num dos distritos do sul Cidade do México, Tialpan. Ao forte sismo que abalou a região e destruiu uma escola de Tialpan, seguiram-se acusações de irregularidades na emissão de licenças para construção daquela escola. Sheinbaum sempre clamou inocência, no momento mais difícil da sua carreira política.

Com a dupla vitória eleitoral a 1 de julho, Sheinbaum e Obrador passam agora a estar literalmente frente a frente no Zócalo, a Praça da Constituição da capital mexicana. A proximidade política entre os dois está a criar grande expetativa de que possa contribuir para resolver os grandes problemas da capital mexicana, como a desigualdade, a poluição e a criminalidade.

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