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Almaraz até 2040? Não, obrigado!

Um desastre nuclear em Almaraz colocaria em grave risco as populações e comprometeria drasticamente a nossa economia.

Na mesma semana em que a central nuclear de Fukushima registou, desde 2011, o maior nível de emissão de radiação para a atmosfera e para o Oceano Pacífico e que deflagrou um incêndio na central nuclear de Flamanville, em França, o Conselho de Segurança Nuclear espanhol acaba de tornar público que aprovou um parecer favorável para o prolongamento em mais 20 anos da vida da central nuclear de Garoña, para além dos 40 que já tem.

Esta aprovação comprova aquilo que os diversos movimentos ecologistas e que o Movimento Ibérico Antinuclear anunciavam como uma agenda escondida: primeiro, que o Conselho de Segurança espanhol não tem independência técnica nem deontológica, sendo um prolongamento das vontades das empresas acionistas do nuclear e do Governo de Mariano Rajoy; segundo, que estava em marcha um plano para o prolongamento de todo o parque nuclear do Estado espanhol até aos 60 anos de vida, de que o ATI (armazém para resíduos nucleares) de Almaraz faz parte.

Nas próximas semanas, o Conselho de Segurança Nuclear analisará um pedido semelhante, apresentado pelos acionistas da central nuclear de Almaraz. Garoña e Almaraz são centrais da 1º geração - as mais recentes são da 4º geração, têm um colossal histórico de acidentes e incidentes, utilizam componentes com defeitos e não cumprem as condições de segurança exigidas às novas centrais nucleares.

Exige-se ao Governo português que, sem demoras, abandone em definitivo a inércia com que tem tratado o dossiê de Almaraz e tome uma posição pró-ativa. Durante meses, escudou-se na inexistência de governo no Estado espanhol para não dar cumprimento à resolução aprovada na Assembleia da Republica, por unanimidade, em defesa do encerramento da central. A hesitação de José Matos Fernandes, ministro do Ambiente, deu espaço à decisão unilateral do Estado espanhol em avançar com a construção do ATI. Só uma mudança radical de estratégia por parte do nosso Governo impedirá o prolongamento da vida útil de Almaraz.

Trata-se de uma questão de segurança nacional. Um desastre nuclear em Almaraz colocaria em grave risco as populações e comprometeria drasticamente a nossa economia, particularmente o setor do turismo e as exportações, empurrando o País para uma crise económica, social, ambiental e humanitária.

É chegada a hora de juntar aos esforços do movimento ecologista ibérico, dos autarcas da região do Vale do Tejo e da esmagadora maioria da população portuguesa, uma posição firme do Governo português, acionando todos os mecanismos políticos, institucionais e diplomáticos a que possa recorrer para garantir o encerramento de Almaraz em 2020.

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda.Técnico de Arqueologia
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