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Um novo ano para novas decisões!

No alvor de um novo ano, fazem-se balanços entre o prometido e o conseguido, discutem-se conjeturas e adensam-se justificações, projeta-se a esperança de um novo rumo partindo das hipóteses em aberto.

É nesta lógica, nem sempre racional e por vezes demasiado emocional, que se fundamentam deceções e se argumentam ambições. Vem este introito a propósito do novo ano com a política nova que é preciso para Barcelos, acrescido de ser um ano de eleições autárquicas.

O nosso concelho tem sido, sucessivamente (a décadas de PSD juntam-se anos de PS), governado pela política redutora de reação à circunstância e da obra avulsa, de isolamento institucional e desligação às pessoas, de esvaziamento de projetos e falta de comprometimento com o anunciado, de esperança perdida e desagrado acumulado. É uma política de remedeio, sem rasgo nem ambição. De conservadorismo e vícios clientelares, sem novidade nem ousadia. De desacreditação e desapontamento, sem apreço nem confiança. De vergonha e desrespeito pela causa ao serviço público.

Barcelos precisa de dar o salto da afirmação, precisa de exponenciar qualidades singulares, precisa de uma visão abrangente, estratégica e integrada, precisa de um plano de desenvolvimento sustentado nos recursos endógenos com capacidade de implantação regional e nacional. É a determinação de um projeto de futuro, sem tibiezas nem percalços, e a defesa intransigente de uma gestão autárquica democrática, transparente e que assuma as suas responsabilidades perante a comunidade, que é obrigatório prescrever para o nosso município.

Não podemos continuar sem rumo à espera que algo aconteça, coabitando com os contrastes da indefinição e desperdiçando oportunidades de afirmação. O tempo tem que ser de ação, de coragem e de decisão. É nestes momentos que se distingue a asseveração das ideias, dos intentos e dos governantes. Pensar Barcelos implica, no imediato, abrir uma discussão pública sobre as propósitos, as metas, o projeto, a política, que cada partido ou movimento tem para apresentar nas próximas autárquicas. É uma exigência que os barcelenses devem manifestar, para provarem que não estão tão anestesiados quanto têm estado as diversas edilidades. É preciso sacudir o estado de letargia, de resignação, de inquieta subordinação, que tem caracterizado a cidadania. Se é entendível o desencanto com a política, é imperioso depor os políticos que têm provocado essa desilusão. Temos de reagir e agir, caso contrário estamos a ser cúmplices por omissão e, legitimamente, acusados de desleais por submissão.

É preciso despertar, juntar forças e dizer que basta destas tropelias de governança, que mascaradas de benfeitores propósitos nos têm conduzido à estagnação, nos retiram qualidade de vida e nos desenraízam da cidade e do meio. Ou nos organizamos e combatemos por alternativas, ou somos açambarcados pela demagogia do agora é que vai ser, ou pela hipócritas promessas da cidadania, do rio, do nó rodoviário, da renovação do centro histórico e de tantas outras tão recorrentes e nunca cumpridas. O tempo é de decisões e compete a cada um(a) de nós ser exigente com o que decide, até porque das escolhas de agora depende o futuro das nossas vidas. Que o novo ano suscite, novas ponderações para novas decisões.

Nota Final: em forma de singelo tributo a Mário Soares como uma figura incontornável da história de todos nós, queiramos ou não, e como não há vidas intensas sem mácula e controvérsia, enalteço-o como um inflexível lutador pela democracia e um fogoso apaixonado pela liberdade.

Artigo publicado no “Jornal de Barcelos”

Sobre o/a autor(a)

Professor. Dirigente do Bloco de Esquerda
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