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Carris: É preciso voltar a apostar no transporte público
Os cortes salariais desempenham um papel preponderante na enorme saída de trabalhadores, nomeadamente tripulantes, que se refletem no número de autocarros e elétricos que diariamente deveriam circular.
Desde 2011 até ao final de 2016, saíram da Carris 380 tripulantes e 212 trabalhadores de outras áreas.
Mediante a política de proibir a admissão de novos trabalhadores, ainda hoje ficam em média 56 serviços diários por realizar, e só não são mais porque existem tripulantes que realizam um volume de trabalho suplementar enorme, violando todas as normas legais, chegando ao cúmulo de existirem tripulantes que, em um mês, trabalham dois.
Esta situação tem graves consequências quer ao nível da segurança quer ao nível da saúde dos tripulantes.
O número de tripulantes que se encontram de "baixa" é enorme, a taxa de absentismo ronda os 15%, o número de tripulantes que foram retirados da condução definitivamente foi, em 2016, superior aos retirados nos últimos dez anos. Tudo isto sem contar com os retirados "temporariamente", que ultrapassam as quatro dezenas de pessoas.
Até ao final de outubro de 2016, foram contabilizados 28.000 dias de baixa, o que se traduz em 220.000 horas de trabalho.
O facto de o número de autocarros na rua se revelar insuficiente, obrigando a constantes cortes, dá origem a situações de grande stress, inclusive agressões, entre os passageiros e os tripulantes, o que leva, por sua vez, a um maior absentismo.
A falta de manutenção das viaturas tem contribuído também para o absentismo, as lesões músculo-esqueléticas nas lombares e cervicais são enormes, assim como os problemas psicológicos, traduzindo-se em enormes prejuízos para a empresa.
Neste momento, estão 50 autocarros a ser utilizados para "canibalismo", com peças que são retiradas destes para outras viaturas.
Este é o resultado da politica que o anterior governo impôs na Carris. A aposta que existia na privatização da Carris acompanhada de um desinvestimento total na empresa, está a ser combatida pelo atual governo e o Conselho de Administração, mas foram vários anos nesta situação e não vai ser fácil dar a volta. É necessário motivar os trabalhadores, voltar a apostar no transporte público, ganhar passageiros e a sua confiança.
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