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O cinco de Outubro e a luta feminista

A vitória da Revolução Republicana de 5 de Outubro de 2010, dia que agora volta a ter honras de feriado, representou um importante marco na história do país é indissociável dos novos ventos da História que, à época, varriam o Mundo . A Europa vivia, então, um crescendo da luta dos trabalhadores e dos movimentos sociais pela igualdade de direitos a nível social, económico e de género e a sociedade portuguesa, felizmente, não constituiu uma exceção!

É neste contexto que, no início do século, o movimento sufragista, nascido nos finais do século XIX, ganha um importante fôlego e Portugal foi, a este nível, uma referência.

É por isso que convocamos hoje o exemplo de uma sufragista portuguesa de grande tenacidade e inteligência. Trata-se de Carolina Beatriz Ângelo que, aproveitando o facto de a primeira lei eleitoral da República consagrar o direito de voto “aos chefes de família” , não explicitando qualquer exclusão de género, no pressuposto de que estes seriam homens, conseguiu recensear-se, direito até então negado às mulheres , por ser viúva e chefe de família, tendo conseguido, após uma intensa batalha, ser a primeira mulher a votar em Portugal.

Carolina Beatriz Ângelo partiu cedo, aos trinta e três anos, poucos meses depois de ter conseguido vencer a sua batalha pelo direito ao voto, não tendo testemunhado o retrocesso civilizacional imposto pelos sectores republicanos mais conservadores, consubstanciado no Código Eleitoral de 1913 que, para evitar a repetição de tal atrevimento, explicitava serem “ eleitores de cargos legislativos os cidadãos portugueses do sexo masculino maiores de 21 anos ou que completem essa idade até ao termo das operações de recenseamento, que estejam no pleno gozo dos seus direitos civis e políticos, saibam ler e escrever português, residam no território da República Portuguesa”.

Entretanto, o movimento feminista que, para além do direito ao voto, integrava as reivindicações de salário igual para trabalho igual, direito a administrar os próprios bens e a proteção na família e maternidade, foi ganhando pujança.

A determinação e o atrevimento de Carolina Beatriz Ângelo, nascida no Portugal profundo (cidade da Guarda), contribuíram para engrossar a torrente da luta feminista e constituem uma referência para todas as pessoas que não desistem de lutar pela transformação do Mundo!

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda. Professora.
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