Neste primeiro texto debruço-me sobre o caderno de encargos da privatização. Um documento que traduz a visão que o governo regional e a direita têm para a SATA e para o futuro da mobilidade nos Açores.
O governo dos Açores e a maioria que o vai suportando, com ou sem acordos, são uma versão voluntária de “Hotel Califórnia” cantado pelos Eagles: rasgas o acordo quantas vezes quiseres, mas na verdade nunca te vais embora.
Os últimos dias foram férteis em acontecimentos que revelam claramente qual é a primeira prioridade do governo regional: aguentar-se até ao fim da legislatura.
Já tinha escrito sobre o apoio à natalidade discriminatório que o governo regional dos Açores criou e que exclui 70% da população devido ao seu concelho de residência. Agora o PSD vai mais longe em criar, em Ponta Delgada, um apoio que exclui os mais pobres.
O que preocupa a direita não é encontrar soluções para os problemas mais graves que enfrentam hoje as populações. É a forma como mais rapidamente podem reeditar a nível nacional a solução dos Açores para chegar ao governo.
Em 2021, a população em risco de pobreza cresceu mais de 3,2 pontos percentuais, atingindo os 25%. Foi nos Açores que este indicador mais cresceu, seguido da Madeira e do Algarve.
É fundamental promovermos o transporte coletivo como verdadeira alternativa ao transporte individual. Mas para isso é essencial tomar medidas que produzam uma profunda transformação no setor.
Aumento de salários e controlo de preços de bens essenciais são urgentes e fundamentais para impedir, uma vez mais, o empobrecimento generalizado em 2023.
As grandes decisões de fundo sobre a SATA são a aplicação da cartilha da Comissão Europeia, com a concordância e aplauso do governo regional: cortes nos salários dos trabalhadores e privatizações.
O centro da política nacional passou das disputas sobre que políticas implementar, para as disputas no interior do PS e para os dislates dos governantes.