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Como sempre, o negócio

Paulo Portas abraça definitivamente os negócios, tornando-se o dinamizador de um conselho consultivo para a América Latina da Mota Engil, ele que é vice-presidente da CCIP - Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa.

Ninguém se escandaliza, porque parece banal. Poucos relembram que Paulo Portas foi, durante vários anos, responsável pela diplomacia económica do anterior Governo

Se as intenções do Bloco de Esquerda já fossem lei, os ex-governantes estariam impedidos, durante seis anos, de exercer funções em empresas das áreas que tutelaram, tenham ou não tido relações diretas com essas empresas em atos de governação concretos. Em suma, Paulo Portas teria de procurar outro emprego, mais consentâneo com as suas competências extra-governativas e os seus dotes de empreendedor esforçado.

Mas o que se passa na Caixa Geral de Depósitos merece também um clamor de indignação: não só o seu putativo futuro presidente quer um salário superior ao de Primeiro-Ministro, como, no pacote, traz a habitual tralha de notáveis do Bloco Central. Domingues gozará da exceção prevista no Estatuto do Gestor Público, mantendo a remuneração média dos últimos três anos que auferia no BPI. Não se percebe o que é pior: se a lei, se a sua exceção feita lei.

Nesta dimensão, estamos na mesma: business as usual.

Sobre o/a autor(a)

Sociólogo, professor universitário. Doutorado em Sociologia da Cultura e da Educação, coordena, desde maio de 2020, o Instituto de Sociologia da Universidade do Porto.
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