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O sapinho racista

Espero com este texto alertar mais gente para que estejam atentas ao sapinho racista na entrada das lojas e não consumam nestes locais. É um dever cívico não compactuar com a xenofobia.

Um amigo cigano queixava-se recentemente de ter entrado numa loja onde estava exposto um desses sapos supostamente destinados a espantar os clientes ciganos. Consta que o sapo está associado a rituais de feitiçaria da Idade Média e que a fobia ao animal foi passando de geração em geração, sendo sinal de má sorte nos negócios, entre outras crenças. Obviamente, o meu amigo não faz caso deste tipo de superstições. A única reação que aquele sapo lhe provocou foi a desilusão de entrar numa loja onde se cultivam sentimentos xenófobos. Apesar de tudo, consumiu, pagou, mas não voltou. Não voltou, não por causa do sapo, mas por causa do xenófobo que geria a loja.

Recentemente, tenho estado mais atento a estes sapos nas lojas da nossa cidade. Procedo como o meu amigo cigano: consumo, pago, mas não volto. Mas faço mais: passo a palavra aos amigos. E espero com este texto alertar mais gente para este fenómeno, para que estejam atentas ao sapinho racista na entrada das lojas e não consumam nestes locais. É um dever cívico não compactuar com a xenofobia, especialmente nos tempos que correm.

Esta crónica foi publicada a 24 de setembro de 2015 no diário As Beiras. Ganhou atualidade com a vitória de Leonor Teles do Urso de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Berlim, pelo filme "Balada de um Batráquio".

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Sobre o/a autor(a)

Investigador no Departamento de Física da Universidade de Coimbra
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