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A direita em estado de choque!

A verdade é que se o Orçamento não é melhor é porque o PSD/CDS alinharam e atiçaram a chantagem das instâncias europeias sobre Portugal.

A Direita política, e os seus fiéis “comentadeiros”, estão em estado de choque! Passaram os dias, as semanas e os últimos meses a dizer que Bruxelas ia recusar o Orçamento do Estado. Colocaram os seus eurodeputados – Paulo Rangel e Nuno Melo – a atiçar as instâncias europeias contra Portugal e o seu Governo. Colocaram o carrasco dos portugueses, Pedro Passos Coelho, a anunciar “que está preparado para voltar ao governo do país”. Obrigaram a candidata a líder do CDS a dizer cobras e lagartos de Portugal, num exercício execrável e vergonhoso da nossa dignidade nacional, tudo na esperança do chumbo de Bruxelas. As televisões, em uníssono, e o seu exército de bajuladores deste ‘estado de coisas’, no papel de comentadores, passaram a certidão de óbito ao Orçamento, ao Governo do país e às forças políticas que, à Esquerda, continuam a lutar por melhores condições de vida. O PSD/CDS, quais fundamentalistas, radicais e extremistas da austeridade autoritária, contavam com esse favor da Comissão Europeia (CE) para levar a Direita dos interesses de volta ao poder.

A Comissão, atiçada pelos Paulos Rangéis e pelos Nunos Melos deste país, fez chantagem sobre Portugal, ameaçou chumbar o Orçamento e obrigou – por pressão do PSD/CDS – a aumentar o imposto sobre os combustíveis e a cumprir outras exigências inaceitáveis. Foi tal a chantagem que até queriam mais cortes nos salários e nas pensões, que o IVA na restauração não baixasse e que não fosse devolvido absolutamente nada da sobretaxa do IRS dos trabalhadores. O acordo firmado pelo Bloco de Esquerda, e restantes partidos à Esquerda, com o Governo, permitiu bater o pé a Bruxelas. Assim, foi possível, entre outras coisas, garantir o aumento das deduções no IRS, por cada descendente, que passa de 350 para 550 euros por cada filho, e de 300 para 525 euros por cada ascendente. Foi possível garantir a redução da sobretaxa do IRS para a esmagadora maioria dos trabalhadores que já sentiram uma pequena devolução no seu salário de janeiro. Foi possível descongelar uma parte importante das pensões, que ainda tiveram um aumento muito pequeno, é certo, mas que o PSD/CDS queria manter congeladas e até cortar mais. Foi possível reduzir em 10% o IVA da restauração, o que vai ajudar milhares de pequenas e médias empresas a quem o PSD/CDS colocou “a corda ao pescoço”. Foi possível introduzir uma cláusula de salvaguarda que proíbe que o IMI, para as famílias, aumente mais de 75 euros, medida de proteção das famílias que, como se sabe, nunca foi permitido pela Direita. Foi possível aumentar em 25 euros o Salário Mínimo Nacional, que o PSD/CDS congelaram nos últimos anos. Foi possível, por fim, colocar os bancos a pagar mais impostos, estando a ser preparadas medidas urgentes para proibir que esse aumento se reflita nos serviços prestados aos clientes. Até foi possível influenciar o Governo da República para que este Orçamento desse à Madeira mais 11 milhões de euros do que o Governo do PSD/CDS, que era ‘tão amigo de Miguel Albuquerque’ (com amigos destes...).

Após uma intensa negociação, para desgosto do PSD e do CDS, que fizeram uma chantagem vil contra Portugal junto da Comissão Europeia, foi possível garantir a aprovação do Orçamento entregue na passada sexta-feira na Assembleia da República. Para desgosto da Direita, e dos seus ‘comentadeiros’ de serviço, que espumaram de raiva! É um orçamento que acaba com a austeridade?! Não. Sendo bem melhor do que os orçamentos de empobrecimento do PSD/CDS, não é, sequer, um bom Orçamento! Era preciso ir muito mais além e dar maiores machadadas na austeridade! Mas a verdade é que se o Orçamento não é melhor é porque o PSD/CDS alinharam e atiçaram a chantagem das instâncias europeias sobre Portugal. De qualquer forma, o Orçamento que agora vai ser debatido protege mais as famílias, devolve rendimentos roubados pelo PSD/CDS, ajuda as pequenas e as médias empresas com a redução em 10% do IVA na restauração, aumenta o Salário Mínimo, descongela a Pensões, acaba com as isenções dos fundos imobiliários e põe a banca e os poderosos a pagarem mais impostos, contribuindo também para o esforço nacional. Tudo coisas que o PSD/CDS queria evitar que acontecesse e que, por ter sido aceite, os enche de raiva.

‘Ah mãe, c’os nervos’, gritam eles! Se querem um conselho, é melhor que se habituem pois vão estar muito tempo na oposição!

Artigo publicado em dnoticias.pt a 8 de fevereiro de 2016

Sobre o/a autor(a)

Técnico Superior de Educação Social. Ativista do Bloco de Esquerda.
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