Miguel Reis

Miguel Reis

Professor.

Se a avaliação dos professores proposta por Nuno Crato é mais ligeira ou inexistente para uma grande parte dos docentes, a verdade é que insiste na penalização dos cada vez mais vulneráveis professores contratados.

Impor orientações sobre a forma como a comunidade académica se deve vestir em nada dignifica a instituição “Universidade”, pelo contrário, é uma machadada no espírito do saber, que se quer universal, libertador e imune ao preconceito.

O novo Ministro da Educação (e da Ciência e do Ensino Superior) despreza a escola progressista e as “pedagogias modernas”. Diz que um dos principais problemas da escola portuguesa é a falta de exames. O seu discurso fácil deve ser examinado.

Amargurada com o chumbo do modelo de avaliação docente, Isabel Alçada desabafou que a democracia não se faz na rua. Felizmente, foi graças à rua que a democracia venceu e é já no próximo sábado que a rua é outra vez palco da democracia.

Os cortes financeiros nos contratos de associação com escolas privadas aqueceram o ambiente educativo. No meio da poeira, mente o governo e mentem os privados.

Os bons resultados do PISA 2009 levaram Sócrates à euforia na exaltação das suas políticas educativas. Mas quando tentou enunciar as medidas do sucesso enganou-se. Afinal nem ele nem o Governo sabem explicar o que se passou.

Nos últimos quatro anos entrou apenas um professor nos quadros das escolas por cada 38 que saíram. José Sócrates pode encomendar as faixas de campeão da precariedade.

Afinal, o segredo do sucesso está no esforço de todos e no empenho das escolas em atingir as “metas”. E tudo será como num perfeito conto de fadas. A fada é a ministra simpática, motivadora e optimista.

A proposta da Ministra da Educação de acabar com os chumbos parece progressista mas não é. E confirma uma das marcas fortes deste governo: aparências, joguetes de comunicação e produção da imagem, um pacote sofisticado que esconde sempre a política do cifrão.

O encerramento de centenas de escolas e a constituição de mega-agrupamentos escolares - com um director para três mil alunos - é uma aberração pedagógica, mas cumpre às mil maravilhas a vocação tecnocrata deste governo.