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Ser estudante universitário…

Nunca pensei, que aos 18 anos estivesse preocupada com aquilo que se irá passar daqui a três anos quando acabar a minha licenciatura.

Ser estudante universitário hoje é um pesadelo. Se por um lado há a pressão de querer acabar o curso, por outro lado há a tensão de querer que este se prolongue à espera que tenhamos emprego. Por outro lado, o pensamento leva-nos para se temos ou não condições para pagar as propinas ao longo de todos os anos de curso, ou por outro se a capacidade económica familiar comporta este encargo.

No meu caso específico, estudante de enfermagem, sei que hoje em dia a possibilidade de ir para fora do país é maior até que a probabilidade de ficar e arranjar emprego, até porque já há estatísticas que apontam que o número de enfermeiros que emigraram se situa nos 20 mil

Estes e muito mais pontos contribuem para a instabilidade emocional que é causada em grande parte dos estudantes universitários.

Nunca pensei, que aos 18 anos estivesse preocupada com aquilo que se irá passar daqui a três anos quando acabar a minha licenciatura. É horrível pensarmos como é possível, que alguém que tenha acabado de sair da adolescência tenha que se preocupar se irá ter emprego ou não. Pode parecer precipitado, mas é dos assuntos mais marcantes nas faculdades, e preocupa em muito os jovens de hoje em dia.

Portugal situa-se em quinto lugar com maior taxa de desemprego da União Europeia, realmente só nestes rankings é que nós estamos em lugares de top. 12,4% é o numero divulgado pelo Eurostat, e é este o número que mais me preocupa a nível de continuidade, relembro que a ultima vez que soubemos o valor correspondente à taxa de desemprego este se situava nos 11,9%.

Se tivéssemos evidências que a taxa de desemprego é causada pelo facto do nosso sistema de ensino ser deficitário, mas na realidade não é isso que se passa. Temos um sistema de ensino bom, mas depois a ligação e a ponte com o emprego não se vê essa eficiência. Logo significa que o desemprego se deve a medidas de austeridade criadas, e que obrigam a que hoje em dia, os jovens acabados de tirar um curso no ensino superior, só lhes sejam reconhecidos quando emigrem para outros países.

No meu caso específico, estudante de enfermagem, sei que hoje em dia a possibilidade de ir para fora do país é maior até que a probabilidade de ficar e arranjar emprego, até porque já há estatísticas que apontam que o número de enfermeiros que emigraram se situa nos 20 mil.

Por outro lado, nestes últimos tempos, deparei-me com uma realidade muito próxima, a desistência de jovens dos seus cursos por falta de capacidades económicas. Trata-se claramente de algo que deveria revoltar qualquer um neste país. Trata-se de desperdiçar pessoas que conseguiram entrar, com esforço próprio, nos cursos de ensino superior, mas que depois foram obrigados a largar os seus sonhos só devido unicamente a uma coisa que rege toda a nossa sociedade, o dinheiro.

Como dizia uma musica do Tiago Bettencourt, “Porque eu não me escolhi/Para a fila do pão”, e a verdade seja dita e redita. Não fomos nós, os jovens desta sociedade, que comprometemos o “hoje”, e não fomos nós que hipotecamos o nosso “futuro”. A confiança inter-geracional quebrou-se por completo, já não há condições de termos a confiança que antes existia na sociedade, de pais para filhos, e que a guiava.

Artigo publicado em p3.publico.pt a 12 de janeiro de 2016

Sobre o/a autor(a)

Estudante de Enfermagem na Escola Superior de Saúde do Politécnico de Setúbal
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