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Mas para quê o raios partam das primárias?
O PS não toma posição pela primeira vez na sua história, porque acha que de nada lhe serve e o assunto está arrumado. Depois desta demonstração de entusiasmo efervescente, lançar a toalha das primárias deve ser por diversão.
Mas isto tem um efeito ainda mais perverso. É um alívio para Rebelo de Sousa, que aliás se apressou a declarar que saudava a posição e com grande gosto. Pudera. Costa dá por certo que o candidato de direita tem o campo aberto e que algum dos candidatos do PS só o enfrentará se para tanto tiver a sorte de uma segunda volta que as sondagens ainda não proclamam.
Além disso, este surpreendente tiro de partida para umas “primárias” que ninguém tinha descortinado reacendeu a luta entre Nóvoa e Belém, que passaram o primeiro e o segundo dia a indirectarem-se com remoques e insinuações. Que um se aproveita do partido, que a outra tem uma experiência que não serve para nada, tudo elegâncias que animam muitas palmas no almoço da comitiva mas que deixam o país perdido nesse labirinto de bordoadas.
O PS desistiu das eleições e esse será sempre um dos factos políticos mais importantes, mais graves e com mais consequências destas eleições. Podia ter tido então a discrição de manter um silêncio grave sobre a sua abdicação. Era mais digno. Escusava de atiçar os candidatos para uma luta que só os diminui, porque um voto trocado entre Belém e Nóvoa é indiferente ao resultado final das eleições e esta querela é uma prenda para Rebelo de Sousa.
Depois de debates que não correram de feição, o candidato de direita precisava mesmo desta generosidade do PS, que prefere lutar dentro de si. As “primárias” são o prémio da lotaria para Marcelo, porque ajudam a derrotar a esquerda.
Artigo publicado em blogues.publico.pt a 12 de janeiro de 2016
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