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Ano Novo no novo ano!

O repto que hoje se nos coloca é saber se somos capazes de assumir novas responsabilidades, de enfrentar novas lutas e, acima de tudo, corresponder à onda de esperança de um povo ávido de uma nova vida.

Um ano novo com novos desafios e oportunidades, com um novo ciclo de restituição de direitos e de rendimentos, com um tempo novo que faça acreditar que novos tempos se avizinham e que é preciso participar nessa construção. Não é tempo de nos demitirmos, de deixarmos para os outros as decisões, de escaparmos às responsabilidades e vergar ao fatalismo do tem que ser! O repto que hoje se nos coloca é saber se somos capazes de assumir novas responsabilidades e dificuldades, de enfrentar novas lutas e novas personagens e, acima de tudo, corresponder à onda de esperança de um povo ávido de uma nova vida. Urge inverter o deprimente ciclo de empobrecimento generalizado enquanto alguns enriquecem à tripa-forra. Veja-se a ininterrupta escandaleira da banca. Entidades privadas que açambarcam os lucros e nacionalizam os prejuízos. Quando os desmandes dos administradores dão para o torto, endireite-se com o dinheiro de todos nós. Os milhões entregues à banca falida (BPP, BES, BPN, BANIF), davam para valorizar o trabalho, assegurar um SNS eficiente e confiável, garantir uma Escola Pública gratuita e universal, abonar um regime de pensões e reformas condignas. São opções ideológicas e cada um(a) deve saber fazer as suas escolhas.

Já corremos com a Direita de S. Bento e no imediato temos de saber expulsar efusivamente o inquilino de Belém. Quão custosos foram estes penosos dez anos da pior presidência jamais havida em Portugal? Quando o ritmo de mudança mundial exigia que o nosso país alimentasse uma visão alargada e de projeto nacional, tivemos no poder presidencial uma mente estreita, manhosa e mesquinha que nos afundou num Portugal atávico, saloio e subserviente. Que, pelo menos, tenha servido de lição para não voltar ao mesmo. Não nos deixemos ludibriar por falinhas mansas, simpáticas com gestos afáveis. Marcelo personifica a política de austeridade que nunca contestou, preconiza um país submisso aos ditames de uma Europa neoliberal que sempre defendeu, pastoreia uma sociedade de “carneirice” com comentários de prece televisiva dominical, há mais de uma década. A Direita está lá e espreita a oportunidade de se recompor. O novo ano é, desde já, festivo por ser o ano zero pós- Cavaco e sendo verdade que qualquer um será sempre melhor que este grau nulo da dignidade política, também é verdade que não basta ser melhor, exige-se que seja completamente diferente. Temos que “dar a volta a isto” para completar o ciclo de mudança. A minha presidente é Marisa Matias pela bitola política, pela intervenção social e pela visão estratégica de um país com futuro. Portugal precisa da força desta mulher que conquista a esperança consolidada nas raízes apreendidas, no conhecimento apaixonado pelo saber, na autenticidade do gesto e do afeto, no compromisso obstinado nas causas em que acredita e com as quais me identifico. Honestidade, idoneidade e dignidade.

Para reflexão do momento e com votos de um verdadeiro ano novo, um regalo de Fernando Pessoa:

Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas,
que já tem a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia: e,
se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre,
à margem de nós mesmos.

Sobre o/a autor(a)

Professor. Dirigente do Bloco de Esquerda
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