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A mentira dos rankings
Todos os anos, a ideologia da educação como negócio e reprodução das desigualdades sociais, amplamente dominante na nossa comunicação social, repete a cassete mentirosa dos rankings.
Compara-se o que não pode ser comparado. Ignora-se deliberadamente a caracterização da origem social dos alunos que frequentam as diversas escolas, os rendimentos das famílias.
Os resultados e elaboração de rankings não têm em conta a natureza das instituições listadas. As escolas que apresentam melhores resultados nos rankings são escolas privadas sem contrato de associação com o governo (para efeitos de financiamento) suportadas totalmente pelas famílias dos alunos que as frequentam, o que revela uma origem social, cultural e económica muito elevada relativamente ao padrão médio nacional. São claramente as escolas dos alunos socialmente privilegiados.
As escolas públicas, pelo contrário, têm de fazer a inclusão de todos os alunos, mesmo os socialmente mais desfavorecidos, não podendo funcionar na lógica dos rankings.
A disponibilização em bruto dos resultados dos exames e a possibilidade de construção de rankings a partir desses resultados prestam um mau serviço à Educação, visam atacar de forma despudorada a escola pública.
Deve ser política do Governo pôr termo a esta situação vergonhosa que contribui para o estigmatizar muitas escolas que, em contextos muito adversos, conseguem prestar um serviço público de inestimável importância.
Os rankings podem e devem ser substituídos por uma avaliação externa das escolas justa, eficaz e consequente, tendo em conta o contexto socioeconómico em que se situam, a partir da qual deverão ser estabelecidas as prioridades no apoio a prestar para conseguirem cumprir o seu papel na garantia do direito à educação, consagrado na Constituição da República.
Comments
«mau serviço à Educação,
«mau serviço à Educação, visam atacar de forma despudorada a escola pública.»
A que propósito?
Tornam evidente:
- que sucesso escolar e ascensão social andam a par - já se sabia!
- definem um critério objectivo de localizar onde há problemas de natureza social ou ensino. Tratar o problema não é escamoteá-lo criando bónus de intermináveis considerações de circunstância!!
- a idiotia de meter tudo a monte numa 'inclusão' que não é mais que negação do direito à melhor educação e à eficiente utilização de recursos.
Como é possível um professor
Como é possível um professor do primeiro ano do básico ter 26 alunos, sendo que vários tem necessidades educativas especiais, num sala minúscula para tantos meninos? Por mais empenhada que seja a professora, por mais cooperante que seja a família dos meninos, é impossível dar a atenção necessária a todos, sem existir a real possibilidade de um professor coajudante. Esquecendo obviamente o espaço da própria sala que seria pequena para 20 alunos... Não esquecendo o facto dos meninos permanecerem na sala,fora intervalos e almoço das 9h da manhã até às 4:15 da tarde... Eu como adulta que sou não conseguia estar tanto tempo nestas condições. Que educação e ensino são estes? Acho que muitos pais e muitos professores,coordenadores que vivem diariamente esta situação, alguns na pele,como eu, mãe...Estão no ponto de não saber o que fazer... Como se pode pedir a uma criança de seis anos semelhante esforço de apreender a ler, nestas condições ? Ou que fique sossegada no correr das várias horas ? Espero muito que a educação pública seja uma das grandes prioridades deste governo. Acho que eles merecem... Funcionários, poucos há durante os intervalos e durante período de almoço, dado que são colocados retirados e colocados noutras escolas do agrupamento conforme as necessidades do mesmo. Logo o pessoal não docente,não é fixo nem em número nem em contuineidade. O verdadeiro caos educativo....
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