Nuno Pinheiro

Nuno Pinheiro

Investigador de CIES/IUL

Lá está ele, num cartaz à beira de uma rotunda (aliás em muitas) o homem mais anti sistema, Veste-se e apresenta-se como pessoa poderosa, ou seja mais um do sistema, mas tudo faz parte da encenação e é importante desmanchá-la.

Não haverá paz sem o reconhecimento (ou o extermínio, como muitos pretendem em Israel) dos direitos do povo palestiniano, é isto e não a guerra santa que a comunidade deve procurar. Será a única forma de terminar o mais duradouro foco de conflito posterior à 2ª Guerra Mundial.

As jornadas europeias de património de 20 a 22 de setembro são uma ocasião para refletir sobre as políticas de património, assunto bastante esquecido ou maltratado em Portugal hoje. Como quase sempre, estas políticas não são neutras, nem se limitam a conservar pedras velhas.

Hoje é habitual ligar a esquerda a regimes totalitários e repressivos. A expressão ditadura do proletariado simboliza-o. Há razões históricas que o justificam, mas é preciso entender esse passado e relançar o debate sobre ditadura, democracia e a sociedade que queremos.

Depois de 14 anos de governo conservador com uma enorme sucessão de erros e trapalhadas, aconteceu o que se esperava, uma enorme derrota dos Tories. Porém, o sistema eleitoral desproporcional faz a mudança parecer maior.

Sim, a direita tem todas as razões para comemorar o 25 de novembro. Comemorem, é o vosso dia, só não digam, por favor, que é a continuação do 25 de abril, porque é a sua negação.

Comemora-se este ano o 5º centenário do nascimento de Camões, supostamente já que o grau de incerteza e de fantasia que rodeia o poeta torna tudo algo nebuloso. O 3º Centenário da sua morte, em 1880, foi um momento de exaltação nacionalista, em que foi elevado à categoria de símbolo nacional.

O problema é mesmo o assumir a história. Portugal até o fez quando o assunto, bastante antigo eram as perseguições aos judeus. As reparações significam, para Portugal, o afastar o discurso luso-tropicalista que, mesmo 50 anos depois do fim das colónias, continua a predominar.

Há um discurso estranho, mas que hoje se encontra facilmente, e em que se pretende justificar a extrema-direita, é o ver Portugal de hoje, como decadente em relação aos tempos da ditadura. Passam 50 anos sobre o 25 de abril, altura de perceber se existe algum fundamento para esse discurso.

Ninguém tem dúvidas de que o ano que agora começa será marcado por novas lutas. O pior que pode acontecer, para o sistema educativo, é o ministério levar a sua avante e não ceder minimamente às reivindicações dos docentes.