You are here

Magnata chinês parceiro da Sonangol detido em caso de corrupção

Xu Jinghua “Sam Pa”, figura central da holding 88 Queensway e identificado como máximo responsável do China International Fund, foi detido num hotel em Pequim, a 8 de outubro. Finantial Times assinala que, "durante a última década, Sam Pa ergueu-se da obscuridade para conseguir negócios em cinco continentes no valor de dezenas de milhares de milhões de dólares”.

O Financial Times (FT) avança que Xu Jinghua “Sam Pa”, figura central da holding 88 Queensway - uma verdadeira extenção do regime de Pequim, do qual obtém recursos de capital ilimitados para investimentos em todo o mundo - foi detido num hotel em Pequim, a 8 de outubro.

Segundo destaca o FT, a detenção de magnata, “que tem cultivado relações com ditadores desde Harare a Pyongyang” com vista a fechar negócios no valor de milhares de milhões de dólares, teve lugar um dia após os media estatais chineses anunciarem que Su Shulin, o governador da província de Fujian e um ex-presidente do grupo estatal de petróleo Sinopec - um parceiro fundamental da rede de negócios de Sam Pa -, foi colocado sob investigação por corrupção.

“Em 2004, a Sinopec adquiriu os direitos de exploração de petróleo ao largo da costa angolana, em parceria com uma empresa até então desconhecida chamada China Sonangol. Os últimos financiadores foram a petrolífera estatal de Angola, que serve de motor financeiro da elite dominante autoritária da nação africana, e uma empresa do grupo Queensway. Esse foi o negócio que colocou o Sr. Pa - que, como apurou o FT no ano passado, tinha desenvolvido contactos africanos ao trabalhar com os serviços secretos chineses – na vanguarda da demanda da China por recursos naturais de África”, lê-se no artigo do jornal britânico, assinado pelo jornalista de investigação Tom Burgis e autor do livro 'A Pilhagem de África'.

O FT refere ainda outros negócios, como um pacto sobre recursos e infraestruturas firmado em 2009, no valor de milhares de milhões de dólares, com a junta militar que tomou o controlo da Guiné e um empreendimento de diamantes do Zimbabué, que fez com que Sam Pa fosse alvo de sanções por parte dos EUA no ano passado por supostamente ajudar o regime de Robert Mugabe.

Em 2014, o jornal britânico publicou uma aprofundada investigação sobre Sam Pa, descrito como "um homem mais discreto do que os asiáticos que normalmente visitam África para exibir a sua ligação ao país".

O artigo assinalava que, "durante a última década, Sam Pa ergueu-se da obscuridade para conseguir negócios em cinco continentes no valor de dezenas de milhares de milhões de dólares, e ajudou a construir de raiz uma abrangente teia de empresas ligadas por donos e diretores comuns na morada 88 Queensway, em Hong Kong".

O grupo "tem negócios com a BP, a Total e a Glencore, e tem interesses que vão desde o gás da Indonésia até uma refinaria no Dubai, passando por apartamentos de luxo em Singapura e uma frota de aviões Airbus; abarca uma rede de companhias privadas sediadas em paraísos fiscais para sustentar duas grandes empresas", escreveu o FT, apontando que uma delas é a "Sonangol China, que é principalmente uma companhia petrolífera, mas que também é dona do antigo edifício JP Morgan, em frente à bolsa de Nova Iorque, em Wall Street".

A presidência da república de Angola concedeu nacionalidade angolana, e passaporte diplomático, a Sam Pa com o nome de António Sampo Menezes.

Termos relacionados Internacional
(...)