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Falamos a sério!

Três milhões de votantes rejeitaram a austeridade. É esta a maioria absoluta que tem de ser respeitada. Este é o mandato popular que o Bloco de Esquerda vai respeitar escrupulosamente.

Nas eleições do passado domingo os portugueses e as portuguesas assumiram de forma clara a sua vontade.

Três milhões de votantes rejeitaram a austeridade. É esta a maioria absoluta que tem de ser respeitada.

Este é o mandato popular que o Bloco de Esquerda vai respeitar escrupulosamente. Os portugueses e portuguesas decidiram dar ao Bloco de Esquerda um mandato bastante reforçado para este combate, que passa por formar um governo que respeite a vontade popular e crie as condições para a criação de emprego e para um futuro melhor para o nosso país.

Como sempre dissemos, não faltaremos à chamada, com a responsabilidade e verticalidade que sempre foi a nossa maneira de estar na política.

Desde o início da campanha que o Bloco de Esquerda, pela voz de Catarina Martins, assumiu esta disponibilidade e empenho.

No debate com António Costa, Catarina Martins foi clara ao afirmar: "Se o PS estiver disponível para abandonar esta ideia de cortar 1.600 milhões de euros nas pensões, abandonar o corte na TSU e abandonar esta ideia do regime conciliatório que é uma forma de flexibilização dos despedimentos. No dia 5 de Outubro eu cá estarei para que pensemos um governo para salvar o país, para pensar como reestruturar a dívida, para termos futuro e termos emprego".

De forma clara, após o ato eleitoral, vários dirigentes do Bloco e a própria Catarina Martins reiteraram este firme propósito do Bloco de Esquerda.

Cabe agora ao PS decidir. Decidir de acordo com as palavras de Carlos César, que na sua intervenção, no comício do PS no Teatro Micaelense, a 29 de Setembro dizia: "Os riscos que corremos são os riscos de a direita voltar a retirar às pensões e reformas para compensar o sistema de segurança social que nos últimos quatro anos lesaram em muitos milhares de milhões de euros", e apontava ainda, os riscos de a direita continuar a "extorquir dinheiro do investimento nas universidades e sectores emergentes, como do mar, ou tradicionais, como a agricultura, e continuar a empobrecer as famílias e as empresas".

Carlos César é o Presidente Nacional do Partido Socialista, ao imputar à direita estes riscos, assume que o PS não o vai fazer.

Este é o caminho que nos parece de acordo com o mandato popular cuja maioria absoluta se pronunciou contra a austeridade.

A decisão de António Costa, e do PS, de conversar com todos os Partidos, é uma decisão que vai também no bom caminho.

Mas se após tudo isto o PS enveredar pelo caminho do passado recente, das “abstenções violentas” que viabilizam o governo de direita e as suas políticas, esquece a vontade popular expressa no dia 4 de Outubro.

O Presidente da República assumiu o comando das operações numa manobra distante do texto Constitucional, ao tentar condicionar o programa de futuros governos e não ouvindo todos os Partidos.

Mais uma vez, Cavaco Silva, com esta manobra, tenta liderar o processo para criar um cenário político com a direita no comando e pressiona no sentido da sua solução: a continuidade da austeridade.

E, mais uma vez, cabe ao PS decidir, ser fiel ao mandato popular e construir uma solução governativa de combate à austeridade, ou, pelo contrário, dar o seu contributo para que a direita continue as suas políticas de empobrecimento dos portugueses, de incentivo à emigração e de adiamento do futuro deste país.

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda. Deputada à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, entre 2008 e 2018.
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