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Faz-se tempo

Os tempos não estão para euforias. O Bloco obteve um resultado histórico, a coligação de Direita foi a candidatura com mais votos, mas perdeu a maioria absoluta. O campo de ação para a Esquerda existe - e deve ser explorado.

Foquemo-nos em primeiro lugar no que pode ser travado. Sem o poder absoluto, a Direita não tem legitimidade para privatizar a Segurança Social, ou seja o que for, ou para fazer novos cortes nas pensões. Se o presidente da República insistir, para salvar os seus, em dar posse a um Governo cujo programa foi rejeitado nas urnas pela maioria dos portugueses, é pois nosso dever travar essa possibilidade.

Passemos depois ao que pode ser construído. Uma alternativa de corte profundo com a austeridade, que ultrapasse de vez as suas falsas premissas: a baixa do salário gera competitividade; a facilitação do despedimento cria emprego; o ataque aos salários e pensões consolida as contas públicas.

Essas premissas devem ser substituídas por outras: o salário para combater a pobreza, o investimento para produzir e criar emprego, e ambos para, em conjunto com uma reestruturação da dívida, porem as contas públicas em ordem.

Criar as condições para esta alternativa é o desafio de hoje. Requer coragem, clareza e determinação. Este é o desafio que se coloca ao PS: escolher uma verdadeira rotura com a austeridade para um novo caminho que precisamos de iniciar urgentemente, em vez das velhas ideias de governabilidade "responsável" ao centro, dentro dos parâmetros impostos pelas instituições europeias, ao sabor dos mercados financeiros.

Responsabilidade é garantir ao país que o plano de urgência que necessita para renascer da austeridade é possível. O desafio está lançado, faz-se tempo de nos pormos ao caminho.

Artigo publicado no “Jornal de Notícias” em 6 de outubro de 2015

Sobre o/a autor(a)

Deputada. Dirigente do Bloco de Esquerda. Economista.
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