“O Bloco foi a força política que mais cresceu no país. Cresceu em todos os concelhos, retirou votos à direita e é hoje a terceira força política em Portugal. E assume essa responsabilidade face aos resultados apurados”, avançou a porta-voz bloquista após a reunião da Comissão Política do Bloco, que teve lugar esta segunda-feira na sede nacional.
“Sabemos bem que PSD e CDS foram a candidatura que teve mais votos nestas eleições. Mas sabemos também que a direita nunca teve um resultado tão baixo”, afirmou Catarina Martins, sublinhando que “PSD e CDS juntos não conseguiram sequer atingir 39% dos eleitores”, tendo perdido 700 mil votos.
Ao mesmo tempo, “três milhões de eleitores decidiram votar contra a direita. A maioria votou nas forças políticas que se opõem à austeridade”, afirmou a dirigente do Bloco, defendendo que “estes três milhões de eleitores têm de ser respeitados”.
Catarina Martins salientou que os bloquistas não aceitam “as decisões apressadas do presidente da República de convocar já Passos Coelho, dando como certo que este é o único caminho”, lembrando, inclusive, que ainda não foram contados os votos dos emigrantes e existem quatro deputados por apurar.
“Não aceitamos também as declarações de Jean-Claude Juncker de que a maioria dos portugueses votou nos partidos que defendem a austeridade”, acrescentou.
“Os partidos que tiveram 3 milhões de eleitores, que têm hoje mais de 50% dos deputados na Assembleia da República, fizeram a sua campanha prometendo uma rutura com o ciclo da direita. É preciso que hoje em Portugal sejamos consequentes com o que foi a campanha eleitoral”, afirmou a porta-voz bloquista, reforçando que “as forças que têm hoje mais de 50% dos deputados possuem uma legitimidade democrática para romper com a austeridade”.
Por isso, acrescentou Catarina Martins, “será trágico se as forças que se bateram contra a direita não estiverem à altura das suas responsabilidades”.
A dirigente do Bloco lembrou que no debate televisivo com António Costa colocou três condições que passavam pelo abandono, por parte dos socialistas, de três das suas propostas: congelamento das pensões, baixa da TSU das empresas e criação da figura do despedimento conciliatório.
Caso o PS aceite, e até agora não deu qualquer resposta, Catarina Martins diz que isso seria “o início de uma conversa de que o país precisa para novas soluções”.
“É possível criar uma solução de Governo (alternativa à direita) com estabilidade”, garantiu, destacando que “este é o momento em que o país espera muito mais dos partidos do que jogos de taticismos internos ou externos”.
“O que o país espera é que seja possível criar condições de estabilidade no Governo, que rompa com o ciclo da direita e que permita uma outra esperança e uma outra forma de olhar para o futuro no nosso país”, frisou.
“Esperamos que toda a gente esteja à altura desta responsabilidade”, afirmou a porta-voz do Bloco, lançando um apelo direto ao Partido Socialista.
“Temos a certeza que a CDU também estará presente e não faltará à chamada”, adiu.
Segundo Catarina Martins, “se houver uma solução estável no Parlamento, alternativa à direita, Cavaco Silva não tem condições políticas para a rejeitar”.