“PSD e CDS têm de dizer quais os impostos que vão aumentar”

29 de September 2015 - 1:21

Num comício em Coimbra, Catarina Martins denunciou o “programa escondido” que PSD e CDS negociaram com Bruxelas para aumentar impostos. E exigiu que a coligação de direita mostre as contas.

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Foto Paulete Matos

A encerrar o comício que contou com intervenções de Francisco Louçã, José Manuel Pureza, Marisa Matias e Pedro Rodrigues, a porta-voz do Bloco insistiu em ver esclarecido o relatório da Comissão Europeia a dizer que há margem para subir impostos em Portugal.

"Aqui chegados, com o défice de 2014 a disparar e o défice de 2015 a disparar, eis senão quando a Comissão Europeia aparece com um relatório que diz que há margem para subir impostos em Portugal e ficamos a saber que para lá do programa escondido de cortar as pensões acordado com Bruxelas e que não está no programa eleitoral, PSD e CDS também têm um programa acordado com Bruxelas de aumentar os impostos. Desta vez não foi Maria Luís Albuquerque que se descoseu, foi diretamente a Comissão Europeia", afirmou Catarina Martins.

"Alguém andou a negociar alguma coisa com Bruxelas e não fomos nós. PSD e CDS têm de responder antes das eleições quais são os impostos que andaram a negociar com Bruxelas? Quais são? Quanto é? Mostrem-nos a conta”, desafiou a porta-voz do Bloco.

Catarina Martins registou ainda as palavras de Passos Coelho quando "explicou a sua doutrina sobre eleições: quem perde, sai”. "E portanto ficamos a saber que segunda-feira o PSD terá um lugar vago para tentar ocupar porque nestas eleições a direita será derrotada", concluiu.

“O voto no Bloco de Esquerda é o voto de quem procura soluções que protegem salário, pensões e emprego. É o voto de quem quer defender a Segurança Social e não desiste de Portugal”, resumiu Catarina, prometendo que “não faltaremos a nenhuma solução que respeite salário, pensões, democracia e dignidade”. “Mas também vos digo que seremos incansáveis opositores de quem quiser atacar mais quem vive no nosso país”, avisou a porta-voz bloquista.

José Manuel Pureza: “Escolher o mal menor é abrir o campo para a desilusão maior”

[caption align="left"]José Manuel Pureza. Foto Paulete Matos[/caption]

O candidato do Bloco por Coimbra saudou os participantes desta “campanha em crescendo e cada vez mais empolgante” e falou das marcas de destruição social que a atual governação deixou no país. “O governo cumpriu com rigor o mandato da Comissão Europeia e do governo alemão”, afirmou Pureza, descrevendo esse mandato: "empobrecer o país, precarizar os jovens ou fazê-los emigrar, tornar Portugal na loja dos 300 da Europa".

Em seguida, dirigiu-se ao "amigo socialista" que lhe pede pela enésima vez “para confiarmos no mal menor”. José Manuel Pureza resumiu a sua resposta a esse pedido a apenas “duas palavras: Metro do Mondego", referindo-se a mais de 30 anos de promessas de PS e PSD de que a obra ia para a frente, de jogos de concelhias e distritais. "E o resultado é o desmantelamento da linha de ligação ferroviária de Lousã a Coimbra e a anulação do projeto de linha urbana na nossa cidade”. “Escolher o mal menor é abrir o campo para a desilusão maior”, concluiu o ex-líder parlamentar do Bloco.

“O essencial é mudar a política e não dar-lhe apenas uns retoques ligeiros", defendeu José Manuel Pureza na semana que antecede umas eleições em que as decisões não podem ser reduzidas "a uma escolha entre a versão soft e a versão Rambo da mesma política”.

Francisco Louçã: “Bloco tem mais peso eleitoral que o CDS”

[caption align="left"]Francisco Louçã. Foto Paulete Matos[/caption]

O ex-coordenador do Bloco participou pela primeira vez em comícios destas legislativas e lembrou que José Manuel Pureza foi até 2011 o único deputado eleito fora do bloco central por Coimbra desde há muitos anos. E no próximo domingo, “a esquerda pode ter a força e precisa de ter a força de o eleger”, defendeu.

Francisco Louçã falou também dos “três votos” que podem ser decisivos nestas eleições: o de quem se abstém ou ainda está hesitante; o dos eleitores socialistas preocupados com os compromissos que o PS faça com a direita no dia 5 de outubro; e o dos eleitores enganados pelas promessas de Passos Coelho e Paulo Portas na anterior campanha.

“O Bloco tem hoje mais peso eleitoral que o CDS. Mas a disputa que se faz é saber se a esquerda olha para esta direita da ganância e dos interesses, este ‘homo troikensis’ que tanto atormentou Portugal e diz: nós, a esquerda, queremos resolver os obstáculos e vencer os que têm arrastado Portugal para o fundo”, afirmou Louçã. “Passos Coelho diz: votem em mim por medo de António Costa. António Costa diz: votem em mim por medo de Passos Coelho. E os dois têm medo de Paulo Portas”. Para o economista e ex-deputado do Bloco, PS e PSD “já têm o poder absoluto: chama-se Merkel”.

Marisa Matias: “Nos últimos quatro anos não ouvimos falar de Coimbra no parlamento”

[caption align="left"]Marisa Matias. Foto Paulete Matos[/caption]

A eurodeputada bloquista destacou a aposta do Bloco em recuperar o deputado que há quatro anos perdeu num distrito que muito sofreu com a austeridade. Para além do desemprego, da emigração e da perda de rendimento que afetou o país todo, Marisa Matias lembrou as 13 mil pessoas sem médico de família em Oliveira do Hospital ou o desaparecido projeto do Metro do Mondego.

“O que tivemos em troca disto foram escolhas claras, as escolhas de estar sempre ao lado do sistema financeiro” que caracterizaram a ação do governo, prosseguiu Marisa Matias, lembrando os bancos salvos pelo dinheiro dos contribuintes nos últimos anos. E voltou a apelar “a todos os lesados do PSD e do CDS” do distrito para não terem medo e confiarem na democracia, reforçando o Bloco de Esquerda no dia 4 e elegendo José Manuel Pureza para a Assembleia da República.

Pedro Rodrigues: "Estratégia Nacional para a Educação e Cultura não passa de um site"

[caption align="left"]Pedro Rodrigues. Foto Paulete Matos[/caption]

O mandatário distrital da candidatura falou da “surpresa e do incómodo” que  Catarina Martins tem causado nesta campanha eleitoral aos adversários e comentadores políticos, destacando em particular “o cinismo, o machismo e o paternalismo com que os Marques Mendes deste país insistem em olhar para o mundo”. “É também para mudar isso que cá estamos, mulheres e homens de esquerda, com a paciência, a persistência e a energia necessária para os derrotar”, afirmou Pedro Rodrigues.

O mandatário bloquista, ligado a projetos culturais da cidade como a Escola da Noite, falou da Estratégia Nacional para a Educação e Cultura que o governo decidiu apresentar nos últimos dias do mandato. “Em que consiste a tal estratégia? Eu digo-vos: é um site. Perdão, uma plataforma online onde os agentes culturais publicitam as atividades que realizam e os professores podem ver as atividades que os agentes culturais realizam”, resumiu, classificando a situação como “ridícula” e sinal do “desprezo pelos agentes culturais e educativos que raia o insulto”.