“Não é admissível que continue a ingerência da Comissão Europeia nas eleições”

28 de September 2015 - 18:21

Catarina Martins acusa a Comissão Europeia de "atirar a pedra e esconder a mão" e aponta: “quando a Comissão Europeia decide fazer uma afirmação que não é factual, o que faz é proteger a propaganda eleitoral de PSD e CDS, numa clara ingerência na campanha eleitoral”.

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Foto de Paulete Matos

A porta-voz do Bloco de Esquerda, acompanhada por José Manuel Pureza, cabeça de lista do Bloco por Coimbra, visitou na tarde desta segunda-feira os hospitais da Universidade de Coimbra.

No final da visita, Catarina Martins falou à comunicação social sobre as declarações da Comissão Europeia de que há margem para aumentar impostos em Portugal e negando ingerência na campanha eleitoral em Portugal.

“A Comissão Europeia parece não conseguir parar de ingerir-se nas eleições em Portugal. Isso não é admissível. A Comissão não pode fazer ingerência nas decisões que são tomadas em democracia no nosso país”, criticou a porta-voz do Bloco.

“Há poucos dias veio dizer que o défice provocado pelo Novo Banco não era um problema para o país. Agora veio dizer que há margem para aumentar os impostos no nosso país e eu pergunto a qualquer pessoa que vive, que trabalha em Portugal, que tem das maiores cargas fiscais sobre o trabalho, se acha mesmo que há margem para subir os impostos em Portugal”, questionou a deputada.

“A Comissão Europeia gosta de fazer ingerência e depois gosta de fazer de conta que não fez. É atirar a pedra e esconder a mão. Mas a verdade é que disse que o défice do Novo Banco não tinha nenhum impacto, mas sabemos, pelo IGCP, da nova dívida que está a ser emitida, dos juros maiores que vamos pagar por não podermos pagar dívida atrasada por causa precisamente do Novo Banco” apontou Catarina Martins e acrescentou: “Os dados do IGCP o que nos dizem é que o buraco do défice criado pela resolução do BES está a criar mais dívida ao país, mais encargos aos contribuintes”.

Catarina Martins afirmou ainda: “Acho que seria mais prudente que a Comissão Europeia, daqui até 4 de outubro, se abstivesse de qualquer comentário. Está a meter-se onde não se devia."

Dois problemas fundamentais no SNS

Sobre os hospitais da Universidade de Coimbra, Catarina Martins afirmou que eles são “uma referência”, “pela resposta que dão aos utentes” e “pela ligação que têm à investigação, à academia, à universidade e portanto a inovação”.

A porta-voz do Bloco de Esquerda apontou dois problemas fundamentais no SNS, derivados da política do governo: primeiro, “a crescente dificuldade das pessoas no acesso à saúde com as taxas moderadoras que aumentaram, com o aumento dos custos dos transportes dos doentes, com o aumento dos preços dos medicamentos. Cada vez é mais difícil as pessoas terem acesso aos cuidados de saúde que são bons”.

Em segundo lugar, “todo este conhecimento é posto em causa quando as carreiras de médicos e enfermeiros não permitem a entrada e as carreiras de novos profissionais e a passagem de conhecimento entre aqueles que já cá estão há mais anos e novos médicos e enfermeiros”.

“Precisamos de respeitar os profissionais do SNS”, concluiu a porta-vos do Bloco de Esquerda.