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Volkswagen: Fraude afeta 11 milhões de veículos em todo o mundo
Na sexta-feira, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) revelou que largos milhares de veículos Volkswagen e Audi (Audi A3, e modelos Volksvagen Jetta, Beetle, Golf e Passat), construídos entre 2009 e 2015, e vendidos nos EUA, contêm um dispositivo que permite enganar os testes de controlo de emissões de poluentes. Terá sido um grupo de cientistas independentes, ligados a uma associação pelo transporte limpo, que descobriu e denunciou a fraude.
Se, no início, circulava a informação que os veículos afetados seriam menos de 500 mil, o próprio grupo Volkswagen veio admitir que “as irregularidades relativas a um software especial” usado nos motores a diesel Type EA 189 envolve “cerca de 11 milhões de veículos em todo o mundo”.
Possíveis demissões e pedidos de desculpas
O chefe da marca nos Estados Unidos já veio, entretanto, pedir desculpas aos consumidores norte-americanos. “Fizemos asneira”, avançou Michael Horn. “Temos sido desonestos com a Agência de proteção ambiental (EPA), temos sido desonestos com o conselho da agência que lida com o ar da Califórnia (ARB) e temos sido desonestos consigo”, acrescentou.
Segundo avança o jornal alemão Tagesspiegel, o Presidente-executivo da Volkswagen, Martin Winterkorn, seria substituído pelo CEO da Porsche já na próxima sexta-feira, dia 25. Contudo, um porta-voz da Volkswagen, citado pela Reuters, desmente esta informação, frisando que a notícia é “ridícula”.
Enorme queda das ações na bolsa de Frankfurt
Na sequência do escândalo que abalou a empresa alemã, nos últimos dois dias, a Volkswagen já perdeu mais de um terço da sua capitalização bolsista.
Esta terça-feira, as sua acções sofriam, pelas 12h30, uma desvalorização de cerca de 20%. Na segunda-feira já tinham caído 19%. Outros fabricantes de automóveis também estão a ser afetados pelo escândalo. A Daimler (fabricante dos Mercedes), BMW e Peugeot também vêem as suas ações a desvalorizar neste processo.
A Volkswagwen arrisca-se, por outro lado, a ser obrigada a pagar multas que podem ultrapassar os 15 mil milhões de euros, sendo que o Departamento de justiça dos Estados Unidos está também a promover uma investigação criminal.
A empresa anunciou, entretanto, a provisão de 6,5 mil milhões de euros para cobrir as despesas necessárias para corrigir as irregularidades.
França quer investigação “em toda a Europa”
A par da suspensão da venda dos carros a diesel da Volkswagen nos EUA e Canadá, a empresa vê-se ainda confrontada com uma exigência de realização de testes extra por parte das autoridades alemãs e com um pedido de esclarecimentos da União Europeia.
O ministro das Finanças francês solicitou esta terça-feira, em declarações à rádio Europe 1, uma investigação “em toda a Europa”, por forma a “tranquilizar” o público, garantindo que os carros fabricados por outras empresas europeias não apresentam as mesmas anomalias.
“Mesmo que seja para tranquilizar uns e outros, acho que é necessário fazê-lo também para os fabricantes franceses”, defendeu Michel Sapin.
“Não se trata de assuntos menores. Não estamos a falar da velocidade ou da qualidade do couro. Trata-se de evitar que as pessoas sejam envenenadas pela poluição”, vincou.
As autoridades da Alemanha, França, Coreia do Sul e Itália estão a seguir o caso de perto.
Segundo o “Financial Times”, o ministro do Ambiente da Coreia do Sul anunciou que o país irá testar 4 a 5 mil carros dos modelos Jetta, Golf e Audi A3, que foram importados no ano passado.
Esta segunda-feira, a Comissão Europeia informou que contactou a EPA para obter mais pormenores sobre o caso e referiu estar a analisar a situação “muito seriamente”.
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