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A origem do objetivo de 3% do défice público

No apogeu da crise da zona euro, o jornal francês Le Parisien entrevistou Guy Abeille, um alto funcionário do ministério das Finanças de França ao qual se atribui a criação do objetivo do défice público de 3% do PIB com o qual a União Europeia tanto castiga a maioria social através de cortes na despesa pública e aumentos de impostos. As declarações do senhor Abeille foram chocantes:
“Decidimos esse valor em menos de uma hora. Foi escrito no canto de uma mesa, sem qualquer reflexão teórica. Foi numa noite de maio de 1981. O diretor do orçamento, Pierre Bilger, reuniu-nos e disse-nos que o presidente Mitterrand queria que criássemos rapidamente uma regra simples, que parecesse vir de um economista e que servisse para travar os ministros que pediam mais dinheiro para os seus ministérios.
Precisávamos de algo simples. Ao princípio pensámos em 2% do PIB, que era um número redondo e fácil. Mas em seguida eliminámos a ideia porque respeitar 2% de défice é impossível. Isto colocava-nos sob grande pressão. Eu propus: 3%? É um bom número, um número que foi muito utilizado durante a história, algo que faz pensar na Trindade.
Miterrand queria uma regra; nós demos-lhe”
E foi assim, em menos tempo do que se leva a preparar um guisado, e sem qualquer reflexão teórica, que se criou o objetivo de défice público que os governantes europeus utilizam sempre para aumentar impostos injustos e reduzir a despesa em educação, saúde, pensões, desemprego, etc.
Artigo de Eduardo Garzón, publicado em eduardogarzon.net. Tradução de Carlos Santos para esquerda.net
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