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Memórias: O surrealismo foi revelado há 90 anos

A exposição confirmou que havia um componente surrealista nas artes visuais e técnicas do dadaísmo, como a fotomontagem. Em 1928, André Breton publicou “Surrealismo e Pintura”, obra que resumia o movimento até aquele momento, embora a escola prosseguisse até 1960.
O surrealismo foi desenvolvido a partir do movimento dadaísta na Iª Guerra Mundial e o mais importante centro foi Paris. Nos anos 20, o movimento difundiu-se em todo o mundo, influenciando as artes visuais, literatura, cinema, música, línguas, o pensamento e prática política, filosófica e social.
Durante a Iª Guerra Mundial, André Breton, que viria a ser líder dos surrealistas e tinha formação em medicina e psiquiatria, serviu num hospital neurológico, onde usou os métodos da psicanálise de Freud com os soldados em estado de choque. De regresso a Paris, Breton lançou o jornal literário “Littérature”, com Louis Aragon e Philippe Soupault.
Eles começaram a experimentar a “escrita automática”, escrevendo os seus pensamentos de forma espontânea e sem censura, bem como relatos dos seus sonhos. Breton e Soupault analisaram em profundidade esse “automatismo” e escreveram “Les Champs Magnétiques”, em 1919..
Outros artistas juntaram-se ao grupo, acreditando que o “automatismo” era a melhor tática para as mudanças sociais dos valores vigentes. O surrealismo defendia a ideia de que as expressões comuns eram vitais e importantes, mas que se devia estar aberto a toda a imaginação segundo a dialética hegeliana.
Também tiveram em conta a dialética marxista e os trabalhos de teóricos como Walter Benjamin e Herbert Marcuse. O trabalho de Sigmund Freud com livre associação, análise dos sonhos e do inconsciente foi importante para os surrealistas no desenvolvimento de métodos para libertar a imaginação.
O surrealismo teve como objetivo revolucionar a experiência humana, incluindo a pessoal, os aspetos culturais, sociais e políticos, libertando as pessoas do que eles viam como falsa racionalidade e costumes restritivos e estruturais. Breton proclamou, o objetivo do surrealismo é "a revolução social e em paz!".
Pouco depois de lançar o “Manifesto Surrealista”, em 1924, os surrealistas publicaram a revista “La Révolution Surréaliste”, que durou até 1929. Pierre Naville e Benjamin Péret eram os editores e a publicação foi concebida no formato da revista científica “La Nature”. A revista, além de textos, incluía reproduções de arte.
Em 1925, formou-se um grupo surrealista autónomo, em Bruxelas. O grupo incluía o músico, poeta e artista, ELT Mesens, o pintor e escritor, René Magritte, Paul Nougé, Marcel Lecomte, Camille Goemans, e André Souris. Em 1927, eles juntaram-se ao poeta, Louis Aragon.
No mesmo ano, Goemans e Magritte mudaram-se para Paris e frequentaram o círculo de Breton. Os artistas, com as suas raízes no dadaísmo e no cubismo, na abstração de Wassily Kandinsky, no expressionismo, e no pós-impressionismo, também chegaram à chamada arte primitiva e “naif”.
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