You are here

FBI espiou Gabriel García Marquez durante 24 anos

Washington Post informou que o FBI, alheio à importância que o colombiano ia adquirindo no mundo das letras, inicialmente confundiu o seu nome e etiquetou o seu arquivo sob o rótulo de José García Márquez.
Gabriel García Márquez morreu a 17 de abril de 2014, na sua residência da Cidade do México, aos 87 anos.

O FBI (polícia federal norte-americana) vigiou o colombiano Gabriel García Márquez durante 24 anos, inclusive durante os anos em que se consagrou como escritor a nível internacional, segundo documentos desclassificados da agência federal divulgados pelo jornal norte-americano The Washington Post.

A pedido do jornal, a agência federal desclassificou 137 páginas de uma investigação desenvolvida durante mais de duas décadas e que revelam que o escritor foi vigiado desde o ano de 1961, quando se hospedou durante um mês no Hotel Webster, em Manhattan, acompanhado da sua esposa e de seu familiar Rodrigo García.

Naquela época, García Márquez chegou a Nova Iorque para trabalhar na agência de notícias cubana Prensa Latina, e com o tempo tornou-se amigo próximo do líder cubano Fidel Castro. No entanto, “as motivações do FBI para investigá-lo são pouco claras”, reconheceu o jornal.

Os documentos desclassificados não dão pistas de que tenha sido aberta uma investigação criminal para o prémio Nobel de Literatura, embora o FBI mantenha ainda 133 páginas classificadas.

Segundo os documentos, a ordem para que se abrisse um expediente interno contra o colombiano teria vindo do próprio diretor do FBI naqueles anos, Edgar J. Hoover, que instruiu que a agência fosse avisada imediatamente se o escritor “entrasse nos Estados Unidos por qualquer propósito”.

Nos primeiros relatórios sobre as atividades do autor de “Cem Anos de Solidão” (1967), está que o colombiano pagou uma tarifa de US$ 200 mensais para se hospedar no hotel de Nova Iorque, e que o FBI manteve contato com pelo menos “nove informantes confidenciais” que detalhavam os passos do escritor e jornalista.

O Washington Post informou que o FBI, alheio à importância que o colombiano ia adquirindo no mundo das letras, inicialmente confundiu o seu nome e etiquetou o seu arquivo sob o rótulo de José García Márquez, no qual, ao longo dos anos, acumularam-se resenhas e perfis escritos por publicações como o jornal norte-americano The New York Times e outros em espanhol.

O seu filho Rodrigo García, hoje cineasta radicado em Los Angeles, disse ao jornal que a sua família não tinha ideia de que o seu pai tinha sido objeto de uma investigação por parte do FBI, embora a notícia não lhe surpreenda.

Gabriel García Márquez morreu a 17 de abril de 2014, na sua residência da Cidade do México, aos 87 anos.

Artigo publicado em Opera Mundi.

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Internacional
(...)