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Terceiro memorando aprovado no parlamento grego

32 deputados do Syriza votaram contra e 11 abstiveram-se. Novo pacote de austeridade passou no parlamento com os votos da oposição. “Não temos o direito de votar a favor deste resgate”, afirmou Zoe Konstantopoulou, presidente do parlamento
Zoe Konstantopoulou e Alexis Tsipras.

O terceiro pacote de austeridade foi aprovado esta sexta-feira de manhã com 222 votos a favor, 64 contra e 11 abstenções. 32 deputados do Syriza votaram contra e 11 abstiveram-se.

Na sua intervenção, Alexis Tsipras referiu que não se arrepende das suas suas decisões. Apesar de o memorando não ser “nenhum triunfo”, é “a melhor escolha que podemos fazer numa altura de aperto financeiro”, entende o primeiro-ministro grego.

O também líder do Syriza afirmou que não existia “alternativa” e que as escolhas a serem feitas eram entre “um memorando com o euro ou um memorando com o dracma”.

Em troca de novas e duras medidas de austeridade, deverá ser concedido um empréstimo à Grécia no valor de 85 mil milhões de euros.

Governo criticado por deputados do Syriza

Yanis Varoufakis, ex-ministro das Finanças, afirmou não ser “capaz” de votar favoravelmente ao resgate por discordar dele. Nesse sentido, apelou a Tsipras para que pedisse a sua renúncia ao cargo de deputado, de forma a não comprometer a maioria parlamentar que sustenta o executivo.

O também ex-ministro, que tutelava a pasta da energia, e líder da Plataforma de Esquerda, Panayotis Lafazanis, não foi parco nas críticas ao governo: “Depois de todas as lutas contra austeridade lideradas pelo governo do Syriza, este agora está a apresentar mais um memorandozinho. Que tipo de governo é este, que independentemente daquilo que o povo grego vota e daquilo por que lutam, quer um memorando na mesma? Isto tem um nome: suspensão da democracia”.

Zoe Konstantopoulou, presidente do parlamento helénico, anunciou que não continuará a “defender o primeiro-ministro, porque ele convenceu-me a não o fazer” e acusou Tsipras de se estar a transformar em mais um líder pró-resgate e a atirar os seus críticos “aos cães”.

“Não temos o direito de votar a favor deste resgate”, criticou.

Lafazanis quer construir movimento do “Oxi que vai até ao fim“

Na quarta-feira o deputado e ex-ministro da Energia apelou na quarta-feira à criação de um movimento nacional contra o memorando e a austeridade. Fontes do governo dizem que a decisão de Lafazanis já foi tomada há muito tempo e não deverá esperar pelo congresso de setembro.

“A luta contra o memorando começa agora, mobilizando pessoas em todos os cantos do país”, afirma a declaração subscrita por outros 11 dirigentes dos vários grupos e tendências que constituem a Plaraforma de Esquerda.

“Temos de continuar o caminho do [referendo de] 5 de julho até ao fim, derrubar as políticas do memorando, com um plano alternativo para o dia seguinte, para uma Grécia democrática, reconstruída e socialmente justa”, refere a declaração, que apela “à criação de um movimento nacional, através da criação de comités contra o novo memorando, a austeridade e a nova tutela do país. Um movimento unitário que cumpra as aspirações do povo de mais democracia e justiça social”.

A reação do círculo próximo de Alexis Tsipras não se fez esperar: “A decisão de Panagiotis Lafazanis de anunciar hoje, em concordância com figuras da fragmentada esquerda extraparlamentar, o modelo para uma nova entidade política, conclui uma decisão tomada há muito tempo para separar o seu caminho do do governo e do Syriza, mesmo antes do congresso extraordinário que foi marcado conjuntamente” pelas diferentes tendências, afirmou uma fonte governamental à agência ANA-MPA.

Respondendo às críticas elencadas por Lafazanis sobre o abandono dos compromissos pré eleitorais do Syriza e o “OXI” do referendo que o ex-ministro diz querer representar, as mesmas fontes do governo recordam que “um regresso ao dracma – que é afirmado o objetivo político central –, que significa termos e o dracma e o memorando, pode ser a posição de Wolfgang Schäuble, mas nunca foi um compromisso eleitoral do Syriza”.

Juventude do Syriza e outros dirigentes sublinham oposição ao memorando

Outros 19 dirigentes do Syriza, da corrente 53+, que tem sido o fiel da balança em muitas decisões, lançaram na quinta-feira uma declaração a defender a rejeição do memorando e que não sejam marcadas eleições antes do congresso do partido que se realiza em setembro.

Também a juventude do Syriza lançou um comunicado a acusar o terceiro memorando de ser contrário à estratégia e compromissos do partido e o governo de fazer uma “viragem violenta em direção à estratégia neoliberal que consolida a lógica de que qualquer saída da crise capitalista passa pela violação dos direitos dos trabalhadores e da juventude, em benefício do capital”.

Para a juventude do Syriza, a clarificação da atitude do partido face à adoção ou não deste memorando enquanto estratégia do governo será a grande questão a que o congresso extraordinário tem obrigação de responder.

esquerda.net com InfoGrécia.

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