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ADSE está a ser utilizada para manter e viabilizar unidades privadas

Federação Nacional dos Médicos denunciou esta quarta-feira, em conferência de imprensa, a estratégia do Governo PSD/CDS-PP de desinvestimento nos serviços públicos, em benefício dos privados. FNAM alertou ainda para “êxodo de médicos nunca visto no nosso país”.
Foto de Paulete Matos.

"Pode ver-se em qualquer local do país que existe uma relação clara e direta entre serviços públicos que são amputados e a proliferação, ao lado, de algumas clínicas de alguns conhecidos grupos económicos", afirmou Mário Jorge Neves, fazendo um balanço dos últimos quatro anos de governação na área da Saúde.

Segundo avançou o dirigente da FNAM, "essas estruturas [privadas] são mantidas e viabilizadas, mas é à mesma com dinheiros públicos dos subsistemas de saúde".

Mário Jorge Neves lembrou ainda que, muitas vezes, fica mais caro ao cidadão pagar uma taxa moderadora no hospital do que pagar numa clínica ou unidade privada.

A presidente da FNAM, Merlinde Madureira, criticou ainda o facto de se promoverem nomeações nas vésperas das eleições legislativas, dando o exemplo de dirigentes nomeados para as administrações regionais de saúde, onde considera que há escolhas que são políticas.

"Sob a capa da pseudo-independência da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CRESAP), esses profissionais aparecem nomeados nesta altura para períodos de três, cinco ou até 10 anos. Quando se aproxima um período eleitoral, nomeiam-se para lugares de grande importância estratégica quem já lá estava e, à partida, não tinha competência para ocupar o lugar", referiu.

“Um êxodo de médicos nunca visto no nosso país”

Segundo dados da Federação Nacional dos Médicos, mais de três mil médicos pediram reforma antecipada desde 2011, muitos para continuarem a trabalhar no privado. Regista-se ainda uma emigração de clínicos sem precedentes na história do país.

“É um êxodo de médicos nunca visto no nosso país. Nem no período da Guerra Colonial houve tantos médicos a saírem para outros países. Não porque no seu país não tivessem emprego, mas porque estavam a ser mal tratados, mal remunerados e sem perspetivas de progressão. São centenas e centenas de médicos”, afirmou Mário Jorge Neves.

Segundo o dirigente da FNAM, estamos perante uma “autêntica fuga de cérebros”, com a saída de "pessoas altamente qualificadas".

Merlinde Madureira salientou, por sua vez, que, no que se refere aos jovens médicos, existem muitos países “ávidos de contratar” portugueses, como os países nórdicos.

Sobre o elevado número de reformas antecipadas, a presidente da FNAM frisou que as reformas antecipadas não estão a ser usadas para os médicos deixarem de trabalhar, mas antes para abandonarem o setor público.

“Queremos desmistificar aquilo que parece ser tudo rosas num Ministério onde, realmente, predominam os espinhos”, referiu a dirigente sindical.

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