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Em Angola é proibido pensar

Em Angola quem manda é José Eduardo dos Santos, a sua família, os seus ministros e os seus generais. Há um saque a um povo e a um país, organizado por uma oligarquia no poder há 37 anos.

A fortuna que os mantém e o poder que lhes dá a fortuna, não lhes pertencem. Vem dos diamantes, arrancados à custa da exploração e violação de direitos humanos. Vem do petróleo, que concessionam como se fosse seu. É dinheiro desviado do saneamento básico, do investimento em serviços públicos e em direitos humanos.

O país que o Governo português, com a cumplicidade do PS, vê como um Dubai lusófono, mais uma meca financeira para reverenciar, é um extremo de desigualdade e corrupção. Os generais e milionários que o Governo português se esforça por "atrair" como "investidores" respondem por um regime cleptocrático, em busca de uma melhor reputação.

Da pose diplomática destes governantes, faz parte o fechar de olhos à arbitrariedade, à violência e à punição política dos democratas angolanos. Por isso é possível a Luanda prender 13 jovens pela magna ofensa de "desobediência pacífica", encarcerados e proibidos de contactar outros factores de subversão como a obra do escritor Pepetela, que, reza a Imprensa angolana, não pode entrar nas celas do regime. Não são os primeiros - e outros já pagaram com a vida pecados semelhantes.

Em Portugal, quem leva a sério a fraternidade com Angola, não pode suportar o silêncio dos negócios que cala e esconde a repressão.

Artigo publicado em “Jornal de Notícias” em 28 de julho de 2015

Sobre o/a autor(a)

Deputada. Dirigente do Bloco de Esquerda. Economista.
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