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Habermas: Acordo grego é “prejudicial no seu resultado e na forma como foi alcançado”
“O acordo sobre a dívida grega anunciado na segunda-feira de manhã é prejudicial tanto no que respeita ao seu resultado como à forma como foi alcançado”, defende Jürgen Habermas numa entrevista ao The Guardian.
“Mesmo se considerássemos os termos asfixiantes do acordo corretos, não se pode esperar que essas reformas sejam promovidas por um governo que, como ele próprio admite, não acredita nos termos do acordo”, acrescenta.
Para o filósofo e sociólogo alemão, o acordo “não faz sentido em termos económicos, devido à mistura tóxica de reformas estruturais necessárias do Estado e da economia com novas imposições neoliberais que desestimulam por completo uma população grega exausta e matam qualquer ímpeto de crescimento”.
Por outro lado, avança Habermas, o Conselho Europeu “está efetivamente a declarar-se politicamente falido: a efetiva relegação de um Estado membro ao status de protetorado contradiz abertamente os princípios democráticos da União Europeia”.
“Finalmente”, sublinha, “o resultado é vergonhoso porque forçar o governo grego a concordar com um fundo de privatização predominantemente simbólico e economicamente questionável não pode ser entendido como algo diferente de um ato de punição contra um governo de esquerda”.
“É difícil ver como poderiam ter sido causados mais danos”, lamenta.
Segundo Jürgen Habermas, o ministro das Finanças Schaeuble, ao ameaçar com a saída da Grécia do euro, revelou-se, “desavergonhadamente, como disciplinador-chefe da Europa”.
“Desta forma, o governo alemão reivindicou manifestamente, e pela primeira vez, a hegemonia alemã na Europa - esta, de qualquer forma, é a forma como as coisas são entendidas no resto da Europa, e esta perceção define a realidade que conta”, avança.
Destacando que “a crise atual pode ser explicada tanto por meio de causas económicas e fracasso político”, Habermas advoga que “a dívida que o FMI tem considerado ‘altamente insustentável’ precisa de ser reestruturada”.
O filósofo e sociólogo alemão refere ainda que “ao longo da crise, o executivo europeu acumulou mais e mais autoridade”.
“As principais decisões estão a ser tomadas pelo Conselho, a Comissão e o BCE - noutras palavras, as próprias instituições que são ou insuficientemente legitimadas para tomar as decisões ou carecem de qualquer base democrática”, afirma Habermas, destacando que “este esvaziamento tecnocrático da democracia é o resultado de um padrão neoliberal de políticas de desregulamentação-mercado”.
Tais tendências só podem ser combatidas através de “uma mudança de direção política, provocada por maiorias democráticas num ‘núcleo europeu’ mais fortemente integrado. A união monetária deve ganhar a capacidade de agir a nível supranacional”, adita, rematando que “face ao processo político caótico desencadeado pela crise na Grécia já não podemos dar-nos ao luxo de ignorar os limites do atual método de compromisso intergovernamental”.
Comments
entrevista de habermas ao «the guardian»
felizmente para todos nós continuam a existir pensadores preocupados com esta europa que se adivinha , a europa dos mercados e dos negócios e não a europa dos trabalhadores. Até a palavra trabalhadores começa a ser subversiva, já não se ouva falar em trabalhadores mas em colaboradores e agora em fantasmas. O trabalhador para a alemanha e para os mercados é o inimigo e há que abate-los, nós aqui do sul ganhamos essa dignidade a de nos considerarmos trabalhadores e de termos cada vez mais essa consciencia de classe, por isso a alemanha quer o fim desta europa a europa dos trabalhadores, o problema senhor habermas é muito mais simples do que o que parece resume-se a isto pagar dignamente a quem trabalha e acabar com esta europa dos mercados ou seja a europa dos parasitas passar de uma europa parasitária para uma europa solidária. NUMA FRASE « O SEU A SEU DONO« Sr habermas o problema não existe porque um problema é uma não solução e a Europa tem futuro e solução - acabar com os parasitas e pagar a quem trabalha- simples não? assim haverá paz democracia e futuro para todos, o contrário é a guerra, o desespero e a destruição. A alemanha já foi responsável por duas guerras na europa, será que quer uma terceira? será que Alemanha e América são duas economias de guerra? a américa tem fomentado guerras em todo o mundo e a alemanha na europa, se calhar o mundo só teria a ganhar se se juntasse todo contra estas duas potências talvez a paz no mundo se tornasse uma realidade para sempre sem estes parasitas que vivem melhor que todos e a custa da desgraça de muitos paises e de milhões de pessoas. Esta é uma evidência que não é dito com todas as letras nem assumido por todos os pensadores do mundo ocidental. temos que por o dedo na ferida de uma vez por todas. A alemanha continua nazi e a america uns cowboys com a pistola a cintura não mudaram nem nunca vão mudar. Alimentam-se da não vida de muitos e do desespero de outros muitos milhoes.Passar para uma nova era a do respeito por todos os povos e nações e por aqueles que nos permitem a vida, os que trabalham, os que já trabalharam, os mais velhos, e os que querem trabalhar, os jovens, mas para isso é preciso que a palavra trabalhador passe a fazer parte do lexico e que estes não sejam apenas fantasmas sem rosto e sem vida.
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