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Paul Krugman: “Lições políticas da derrocada do euro”

“É agora claro, ou deveria ser claro, que o programa grego estava destinado ao fracasso sem um significativo alívio da dívida; independentemente de quão se esforçaram os gregos, a austeridade iria encolher o PIB mais rapidamente do que reduziu a dívida em comparação com o cenário base, pelo que a situação da dívida estava condenada a piorar mesmo que a tentativa de equilibrar o orçamento impusesse grande sofrimento”, refere Paul Krugman na sua coluna no The New York Times.
Segundo o Nobel da Economia, “há uma lição mais geral sobre a Grécia que é relevante para todos nós – e não é a habitual sobre deixarmos de ser despesistas para não nos transformarmos na Grécia”.
“O que nós aprendemos, em vez disso, é que a austeridade fiscal adicionada a uma moeda forte é uma mistura altamente tóxica. A austeridade fiscal deprime a economia, e empurra-a no sentido da deflação; se for acompanhada de uma moeda forte (no caso da Grécia o euro, mas uma taxa de câmbio fixa, um padrão-ouro, ou qualquer tipo de medo obsessivo de inflação teriam o mesmo efeito), o resultado não é só uma depressão e deflação, mas, muito provavelmente, também um falhanço em reduzir o rácio da dívida”, avança.
“A título de comparação”, Krugman aponta o “exemplo favorito de austeridade bem-sucedida, o Canadá nos anos 90”.
“O Canadá tinha uma dívida bruta de cerca de 100% do PIB, comparável com a Grécia na véspera da crise financeira. Nessa altura procedeu a um ajustamento fiscal bastante grande – 6% do PIB de acordo com a medida do FMI do saldo estrutural, que é um terço do que a Grécia fez mas é comparável com outros devedores europeus. Mas o desemprego caiu continuadamente. Qual é o segredo do Canadá?”, questiona o economista.
Segundo Krugman, o “segredo foi dinheiro fácil e uma importante depreciação da moeda”, sendo que “estes compensaram os entraves da austeridade, permitindo o crescimento”.
O Prémio Nobel deixa ainda críticas ao “setor conservador do espectro político dos EUA”, que, ao mesmo tempo que aponta a “Grécia como um alerta, está, na realidade, a reclamar que reproduzamos a combinação de políticas que tornaram a dívida grega num verdadeiro desastre”.
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