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Bloco é o único partido a condenar repressão política em Angola

O Bloco apresentou um voto de condenação da repressão política em Angola. Todas as restantes bancadas parlamentares votaram contra.
PSD, PS, PCP e PEV recusaram-se a condenar a perseguição política em Angola. Na foto: Passos Coelho e o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.

Na passada sexta-feira, 3 de julho, o Bloco de Esquerda apresentou, na Assembleia da República, um voto de condenação da “repressão política em Angola”, que apelava também ao fim da detenção dos jovens que protestam contra o regime de José Eduardo dos Santos.

Para além do Bloco, só um deputado do PS, Pedro Delgado Alves, votaram a favor. Todos os outros partidos, PSD, PS, CDS, PCP e PEV, votaram contra.

Leia o voto apresentado pelo Bloco de Esquerda no Parlamento

No dia 20 de junho o regime angolano deteve 13 jovens ativistas cívicos durante uma reunião onde discutiam formas de desobediência pacífica à ditadura de José Eduardo dos Santos.

Nos dias seguintes, outros dois jovens foram igualmente detidos por pertencerem a este mesmo grupo que se encontra regularmente para discutir política e intervenção cívica.

Depois de detidos a polícia revistou as suas casas sem apresentar qualquer mandato de busca. Apreendeu essencialmente livros e manuscritos como prova de que os jovens estariam envolvidos em “atos preparatórios para o cometimento de uma rebelião”.

Muitos destes jovens organizam, desde 2011, manifestações pacíficas onde exigem a demissão do Presidente Angolano, exigindo democracia e liberdade para a terra onde vivem. Desde 2011 que muitos deles são regularmente presos e espancados pelas forças repressivas do regime por desafiarem a ditadura e usarem da liberdade de expressão.

A Procuradoria-Geral da República de Angola decretou a prisão preventiva destes jovens, acusando-os de preparação de atentado mesmo na inexistência de material que sustentasse essa acusação.

A estes ativistas foram negados todos os seus direitos. O regime ignorou a presunção da inocência e manteve-os incomunicáveis durante vários dias. Aos advogados dificultaram o acesso à informação e o contato com os detidos.

Osvaldo Caholo, Afonso Matias, Albano Bingobingo, Nelson Dibango, Sedrick de Carvalho, Domingos da Cruz, Inocêncio António de Brito, Arante Kivuvu, José Gomes Hata, Luaty Beirão, Manuel Baptista Chivonde Nito Alves, Fernando Tomás, Nuno Álvaro Dala, Benedito Jeremias e Chiconda ‘Samussuku’ são os nomes dos jovens detidos por participar numa reunião e por terem em sua posse livros e manuscritos.

Esta semana, Nito Alves, um dos ativistas detidos, iniciou uma greve de fome por recear alimentar-se da comida fornecida pelos serviços prisionais, temendo pela sua vida.

Portugal conhece bem a intensa luta pela liberdade e pela democracia e tem no seu passado o exemplo de um regime cuja força residia na repressão. Conhecemos bem a justeza daqueles que se dispõem a lutar para derrubar as ditaduras que se apresentam na sua vida.

Conhecemos bem as táticas dos regimes que oprimem e reprimem e, por isso mesmo, não podemos compactuar ou ignorar. Devemos tomar uma posição firme, condenando a detenção de ativistas cívicos e pacíficos e repudiando o esmagamento dos seus direitos.

É nesse sentido que o Bloco de Esquerda apresenta este voto que é também um voto pela libertação dos jovens abusivamente detidos em Angola e é também um voto na luta pela liberdade e democracia naquele país.

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