You are here
Eric Toussaint: “Dignidade do povo grego vale mais do que uma dívida ilegal”

A bela vitória histórica do NÃO mostra mais uma vez que os cidadãos e as cidadãs da Grécia se recusam a aceitar a chantagem dos credores. Como mostra o relatório preliminar da Comissão para a verdade sobre a dívida grega, o Estado grego dispõe de vários argumentos legais para suspender o pagamento ou repudiar unilateralmente as dívidas ilegítimas, ilegais e/ou odiosas.
Esse ato soberano fundamenta-se nos seguintes argumentos:
1. A má fé dos credores (o FMI, os 14 Estados-Membros da zona euro, o BCE, a Comissão Europeia e o FEEF), que levaram a Grécia desde 2010 a violar o direito interno e as suas obrigações internacionais em termos de proteção dos direitos humanos;
2. A superioridade dos direitos humanos face aos acordos assinados entre os governos anteriores e a Troika;
3. O uso de coerção por parte dos credores;
4. A imposição de condições que violam de forma flagrante a soberania da Grécia e que violam a sua constituição;
5. O direito internacional autoriza os Estados a tomarem contra-medidas de autodefesa face a atos ilegais ou ilegítimos cometidos pelos seus credores que, deliberadamente, prejudicaram a sua soberania fiscal e obrigaram a assumir uma dívida odiosa, ilegal, ilegítima, que viola o direito à autodeterminação económica e os direitos humanos fundamentais.
Em relação à insustentabilidade da dívida, as autoridades gregas têm legalmente o poder de invocar o principio da necessidade para fazer frente a uma situação excecional, a fim de proteger os interesses essenciais da sua população face a um perigo grave e iminente.
Na situação grega de crise humanitária, o Estado pode ser dispensado de cumprir as suas obrigações internacionais em termos de dívida, porque essa dívida aumenta o perigo existente, como acontece com as dívidas reclamadas pelo Eurogrupo e pelo FMI. Finalmente, os Estados têm o direito de se declararem insolventes, quando a continuação do pagamento da dívida se torna insustentável. Nesses casos, não cometem atos ilegais.
A dignidade do povo grego vale mais do que uma dívida ilegal, ilegítima, odiosa e insustentável.
Artigo publicado em CATDM.
Comments
A dignidadebdo povo Grego vale mais que uma dívida ílegal
Até posso estar enganado. Mas parece-me.estranho, ser hoje usada como comentário, a questão da legitimidade/ ilegalidade, da dívida. Quando esta questão é conhecida há anos. Tendo até já sido usada, (dívida odiosa) no tribunal internacional, na resolução de um caso de bancarrota de um país da América do sul.
Gostaria muito de ver uma reviravolta, em toda esta trapalhada em que estão metidos vários povos do sul da Europa, e que se construíce uma verdadeira união dos países da Europa, sustentada em valores que hoje não passam de uma ilusão.
Add new comment