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“Hoje está mais forte o campo dos que exigem viver com dignidade”

Reagindo aos primeiros resultados do referendo grego, Catarina Martins destacou a “participação massiva” dos gregos e acusou o governo português de ter “envergonhado o país” ao ficar do lado dos interesses financeiros.
Catarina Martins na conferência de imprensa de 5 de julho.

“Hoje está mais forte o campo daqueles que exigem ser tratados com dignidade, daqueles que não aceitam a humilhação pela finança ou por decisores ligados a interesses financeiros”, afirmou Catarina Martins numa conferência de imprensa. “Há povos que se levantam e não aceitam ser governados por quem serve a finança e nunca é capaz de defender as pessoas”, disse a porta-voz do Bloco.

“A chantagem financeira que foi imposta ao povo grego mostra bem a dificuldade de construção de uma alternativa à austeridade. Mas sabemos que se as pessoas não se levantarem em nome do emprego, da economia e da dignidade, tudo o que as instituições europeias têm para lhes oferecer é o empobrecimento sem fim e a chantagem”, resumiu.

Para Catarina Martins, o governo de Passos Coelho “teve uma ação lamentável e felizmente não é ouvido na Grécia”. “O governo envergonhou-nos ao longo desta semana. Numa altura em que um país com dificuldades está a lutar por uma alternativa ao empobrecimento sem fim, o governo português, que se entretém no plano nacional a pensar como é que vai cortar mais 600 milhões de euros nas pensões nos próximos quatro anos, esteve sempre do lado do sistema financeiro e da Alemanha. Não esteve nunca a defender os interesses da população portuguesa”, acusou a porta-voz do Bloco.

“Restruturação da dívida está no centro da política”

A porta-voz do Bloco destacou ainda que o braço de ferro entre Atenas e os credores trouxe ao centro da política o tema da restruturação das dívidas públicas dos países periféricos do euro. “Depois desta semana intensa, já todos compreenderam que os resgates serviram para salvar a banca alemã e francesa, e nunca para salvar os países”.

Catarina Martins recusa que o debate do pós-referendo seja centrado em ficar ou sair do euro. “O euro é uma construção política, não é uma lei da física. E as construções políticas dependem da democracia com que são feitas, ou não. Ao lutar contra a austeridade, a Grécia está a pôr a democracia no centro da decisão”. Nos próximos dias, “aquilo que se vai decidir é a forma como deve a união monetária estar construída”.

“O euro é dirigido da forma que é porque há uma coligação entre o Partido Popular Europeu e o Partido Socialista Europeu para que assim seja”, prosseguiu.

Mesa Nacional aprovou manifesto eleitoral e primeiros candidatos

A declaração de Catarina Martins ocorreu no fim da reunião da direção bloquista, que aprovou o texto final manifesto eleitoral a propor nas legislativas, que esteve em debate público nos últimos meses. Devolver rendimentos a quem trabalha, reforma fiscal e renegociação da dívida são três ideias centrais do manifesto.

A Mesa Nacional aprovou ainda uma resolução política contra “o verdadeiro assalto que está a ser feito” com as privatizações do Governo, como assinalou o Tribunal de Contas nos casos da EDP e da REN. E apelou à participação nas mobilizações para travar as privatizações da TAP e dos transportes públicos.

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