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Portugal é um dos desastres económicos da Europa, assinala Krugman

O Nobel da Economia lembra que "Portugal também obedeceu à ordem para implementar uma dura austeridade e está agora 6% mais pobre do que antes". Paul Krugman volta a apelar ao 'não' no referendo grego, defendendo que se ganhar o "sim", os gregos estarão a dar "poder e coragem aos arquitetos do falhanço da Europa".
Foto de José Carlos Barretta, flickr.

Num artigo intitulado “Os vários desastres económicos da Europa”, publicado na sua coluna no The New York Times, o Nobel da Economia desmonta a ideia de que a Grécia é um caso isolado.

Krugman dá o exemplo da Finlândia, ironizando que este país "não poderia ser mais diferente dos corruptos e irresponsáveis" países do Sul da Europa, além de ser um "modelo de sociedade europeia, com um governo honesto, finanças públicas sólidas, rating sólido e que consegue financiar-se nos mercados a taxas incrivelmente reduzidas".

O economista lembra que oito anos de crise económica na Finlândia já cortaram o PIB per capita no país em 10% e que "não há sinais de que pare por aqui".

Se não fosse a crise no Sul, a Finlândia poderia "muito bem ser vista como o desastre épico europeu", vinca.

O Nobel da Economia refere, porém, que a Finlândia não está sozinha, fazendo parte de “um arco de declínio económico que se estende desde a Europa do Norte através da Dinamarca – que não faz parte do euro mas gere o seu dinheiro como se fizesse – até à Holanda.

Paul Krugman assinala ainda o exemplo de outros países do Sul da Europa, como a Espanha, que tem uma "taxa de desemprego de quase 23% e o PIB per capital está ainda 7% abaixo dos níveis pré-crise"ou Portugal, que também obedeceu à ordem para implementar uma dura austeridade e está agora 6% mais pobre do que antes".

Referindo que ao aderirem ao euro estas economias colocaram-se num "colete de forças", o economista norte americano destaca que "tal não quer dizer que seja altura de acabar" com a moeda única. "O que é urgente é aliviar o colete de forças", esclarece.

Sobre o referendo grego, o Nobel da Economia alerta que, se ganhar o "sim", os gregos estarão a dar "poder e coragem aos arquitetos do falhanço da Europa".

"Os credores já demonstraram a sua força e capacidade de humilhar quem desafiar as suas exigências de austeridade sem fim. E vão continuar a reclamar que impor desemprego em massa é o único caminho responsável", avança.

Caso o 'não' vença no domingo, Krugman reconhece que esse resultado levará a um “terreno assustador e desconhecido" e que a Grécia poderá ter que sair do euro, contudo, defende que este cenário "oferece à Grécia uma hipótese real de recuperação" e será um "choque para a complacência das elites europeias".

Referindo que é “razoável recear as consequências de um 'não', porque ninguém sabe o que virá a seguir”, o economista norte americano salienta que há ainda mais razões para “temer as consequências de um voto no ‘sim’, já que, nesse caso, já sabemos o que virá a seguir – mais austeridade, mais desastres e eventualmente uma crise muito pior do que algo que já tenhamos visto até agora".

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