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Quercus diz que central nuclear de Almaraz é uma "bomba-relógio"

Associação ambientalista adverte que central espanhola situada junto à fronteira de Portugal “está completamente obsoleta”, havendo um risco sério de ocorrerem incidentes. Mas não se descortina qualquer iniciativa por parte do governo.
Central de Amaraz "não tem válvulas de segurança para impedir uma explosão de hidrogénio, tal como não tinha Fukushima, e a sua instalação não está prevista até finais de 2016", adverte a Quercus. Foto wikimedia commons
Central de Amaraz "não tem válvulas de segurança para impedir uma explosão de hidrogénio, tal como não tinha Fukushima, e a sua instalação não está prevista até finais de 2016", adverte a Quercus. Foto wikimedia commons

A central nuclear de Almaraz, a funcionar desde o início da década de 1980, está situada junto ao Rio Tejo e faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre.

Ouvido pela agência Lusa, Samuel Infante, responsável pelo núcleo da Quercus de Castelo Branco,

explicou que os resultados do teste de resistência pedido pela Greenpeace à central nuclear espanhola "reforçam, mais uma vez, tudo o que a Quercus tem dito".

O ambientalista advertiu que “há um risco sério de ocorrerem incidentes, e não vemos qualquer iniciativa por parte do governo. Temos feito alertas e parece que deste lado da fronteira (Portugal) não existe problema", adiantou.

Na segunda-feira, a responsável da área de Energia Nuclear da Greenpeace, Raquel Montón, denunciou que a central nuclear espanhola de Almaraz chumbou num teste de resistência pedido pela Greenpeace, evidenciando a falta do mesmo tipo de válvulas que deu origem ao acidente em Fukushima, no Japão.

Faltam válvulas de segurança

A Quercus considera que a central de Almaraz (na bacia do Tejo, a pouco mais de 100 quilómetros da fronteira de Portugal) "não tem válvulas de segurança para impedir uma explosão de hidrogénio, tal como não tinha Fukushima, e a sua instalação não está prevista até finais de 2016".

Após o incidente no Japão, as autoridades e os reguladores europeus recomendaram que as centrais instalassem estes sistemas de forma urgente.

"Em Espanha, não foram postos e não se está a exigir isso até ao ano 2016 ou mais tarde. Enquanto isso, as centrais continuam a funcionar, incluindo a de Almaraz, que não tem sistemas de ventilação filtrada", salientou.

Ministro tem total confiança

Também ouvido pela Lusa, o ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, disse ter "uma total confiança no processo de cooperação entre Portugal e Espanha ao nível da monitorização" da segurança nuclear.

O ministro reconheceu não ter conhecimento do relatório da Greenpeace.

"Terei a oportunidade de o analisar, mas em qualquer caso gostava de enfatizar que a segurança nuclear – sendo uma preocupação de todos os países, nomeadamente Portugal – tem um enquadramento jurídico, legal e de monitorização bastante exigente no contexto europeu e é nesse contexto que temos trabalhado", afirmou.

A Greenpeace apelou, esta segunda-feira, a que Portugal se queixe junto das autoridades internacionais quanto ao que considera ser a falta de condições de segurança das centrais nucleares espanholas, assegurando que Madrid não está a informar Lisboa sobre os impactos ambientais.

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Termos relacionados Almaraz - ameaça nuclear, Ambiente
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