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México: Nestora Salgado em estado crítico após quase um mês de greve de fome

Apesar de uma primeira vitória que foi a transferência para uma prisão da Cidade do México, a líder comunitária mantém o protesto por se manter na prisão há um ano e meio sem ter sido julgada por qualquer delito. Por Tomi Mori.
Ilustração de Mario Martínez
Ilustração de Mario Martínez

Nestora Salgado, líder da Polícia Comunitária de Olinala, do estado de Guerrero, no México, encontra-se em greve de fome já há quase um mês, desde 5 de maio. A atitude extrema de Nestora deve-se à sua prisão arbitrária, desde agosto de 2013, internada numa prisão de alta segurança de Tepic, Nayarit, destinada aos criminosos mais perigosos do país, sem ter cometido nenhum crime. Até agora, apesar da longa e penosa prisão, não foi julgada nem condenada por nenhum delito, ainda que pese sobre ela a mentira de que teria sequestrado pessoas durante o seu trabalho como polícia comunitária. Esse é um argumento não provado, e destinado apenas a mantê-la em prisão política pelo governo de Enrique Peña Nieto. O que ocorre também com outras lideranças comunitárias e opositoras que se encontram no cárcere.

Após alguns dias do início da greve, o protesto foi ampliado com a entrada em greve de fome de outros líderes comunitários presos, Gonzalo Molina e Augusto Campos Herrera, que lutam pela sua liberdade ao mesmo tempo que se solidarizam com a greve de Nestora.

Na última sexta-feira, como produto da greve de fome, Nestora, que se encontrava na prisão de Tepic, através de negociação entre representantes do governo, o advogado Leonel Rivero, e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), foi transferida para a prisão de Tepepan, no distrito federal, a Cidade do México.

O advogado Leonel Rivero esclareceu que Nestora está muito magra e apresenta sinais de desidratação, após vários dias sem ingerir água.

Nestora disposta a morrer pela sua liberdade e a dos seus companheiros

Segundo informou o advogado, Nestora, mesmo transferida, decidiu manter a greve de fome, exigindo a sua libertação e a dos outros líderes comunitários, Gonzalo Molina e Augusto Campos Herrera, que também estão em greve de fome no presídio Altiplano. Acrescentou à sua luta a libertação de Marco António Suástegui, dirigente da luta em La Parota, que também se encontra prisioneiro.

Outros líderes populares, como o Doutor Mireles, estão presos. No caso do Doutor Mireles, a sua situação e bastante crítica já que, mesmo sendo médico, na prisão não lhe proporcionam um tratamento adequado, que o mantém, agora, semiparalisado, sem que lhe sejam garantidos os seus direitos elementares.

Segundo o advogado Leonel Rivero: “Ela (Nestora) decidiu, e pediu-nos que fizéssemos extensiva esta mensagem às organizações sociais e aos meios de comunicação, que tomou a decisão de continuar em greve de fome até às ultimas consequências”.

Bloco de Esquerda envia protesto e solidariedade

Na semana passada, o Presidente do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, somando-se às atividades existentes em diversos países, enviou uma importante carta de protesto e solidariedade à Embaixada do México, em Lisboa: “(...) vem o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda manifestar a sua profunda preocupação com as condições de detenção e de risco de vida que Nestora Salgado enfrenta, e solicita que esta cidadã seja imediatamente transferida para a Cidade do México e posteriormente libertada.”

Nos Estados Unidos foram realizadas várias atividades de solidariedade organizadas pelo Comité Free Nestora, particularmente nas cidades de Seatle, Chicago, San Diego, Los Angeles e também em Michigan.

No Brasil, diversas entidades juntaram-se à campanha pela libertação de Nestora e de todos os presos políticos, como o Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo que, em assembleia dos funcionários, aprovou uma moção de solidariedade. Da distante Amazónia, vieram moções de solidariedade da Associação do Povo Indígena Jiahui e também da Organização dos Povos Indígenas do Alto Madeira. Foi formado recentemente o Comité Nestora Livre que tem divulgado as atividades nas redes sociais.

De Hong Kong, a solidariedade vem do Ação Socialista, que está a divulgar a campanha.

No México, os estudantes de Ayotzinapa, que estão em campanha global devido ao “desaparecimento” dos 43 estudantes, manifestaram-se exigindo a libertação imediata de todos os presos políticos Guerrerenses: Nestora Salgado, Gonzalo Molina, Arturo Campos Herrera e Marco António Asuástegui. A Coordenadora Regional de Autoridades Comunitárias tomou posição no mesmo sentido.

Alem das atividades já desenvolvidas, no próximo dia 6 haverá uma Marcha pela Libertação de Nestora Salgado e de todos os presos políticos, que será realizada na Cidade do México.

Devido à gravidade da situação, só a solidariedade ativa e urgente de todos os ativistas e organizações dos trabalhadores de todo o mundo pode ajudar a vencer a intransigência do governo de Enrique Peña Nieto.

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