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FMI deve anular grande parte da dívida grega, defende ex-chefe de missão do Fundo na Irlanda

Em vez de exigir o reembolso e mais austeridade, e “para reafirmar a sua independência e resgatar a sua credibilidade perdida, o FMI deve anular uma grande parte da dívida da Grécia e forçar os seus acionistas ricos a arcar com os prejuízos”, defende Ashoka Mody.
Foto de faixa com a frase "FMI: Credor predatório mundial"

“As obrigações onerosas da Grécia para com o FMI, o Banco Central Europeu e os governos europeus pode ser rastreada até abril de 2010, quando estes cometeram um erro fatal. Em vez de permitirem que a Grécia entrasse em incumprimento no que respeita às dívidas intransponíveis para com os credores privados, optaram por emprestar o dinheiro para possibilitar o pagamento na íntegra”, avança o ex-chefe de missão do Fundo na Irlanda num artigo datado de final de abril.

Segundo lembra Ashoka Mody, “à época, muitos pediram a imediata reestruturação da dívida detida por credores privados, impondo assim perdas aos bancos e investidores que tinham emprestado dinheiro à Grécia”. Entre estes encontravam-se vários membros do conselho do FMI e Karl Otto Pohl, ex-presidente do Bundesbank e “um arquiteto-chave do euro”.

Referindo que “o FMI e as autoridades europeias responderam que a reestruturação iria causar o caos financeiro global”, o ex diretor do Fundo, sublinhou que “como Pohl observou objetivamente, este argumento não passava de um disfarce para salvar bancos alemães e franceses, que estavam entre os maiores impulsionadores da prodigalidade grega”.

Para Ashoka Mody, “em última análise, a abordagem das autoridades apenas substituiu um problema por outro”, e, assim, “apesar de uma reestruturação tardia em 2012, as obrigações da Grécia permanecem insuportáveis - só que agora elas são detidas quase exclusivamente por credores oficiais”.

“Cinco anos após o início da crise, a dívida pública passou de 130 por cento do produto interno bruto de quase 180 por cento. Enquanto isso, uma crise económica profunda e deflação têm prejudicado gravemente a capacidade do governo de pagar”, lamenta.

Recordando que o FMI reconheceu o erro num relatório de 2013 sobre a Grécia e que o economista-chefe do Fundo, Olivier Blanchard, alertou que “mais medidas de austeridade iriam esmagar o crescimento”, Ashoka Mody destaca que, “estranhamente”, a receita do FMI para a Grécia permanece inalterada.

“Tendo falhado o seu primeiro teste grego, o FMI corre o risco de fazê-lo novamente”, defende o ex-chefe de missão do Fundo na Irlanda, acusando este organismo de permanecer preso às “prioridades dos acionistas”.

“Para reafirmar a sua independência e resgatar a sua credibilidade perdida, o FMI deve anular uma grande parte da dívida da Grécia e forçar os seus acionistas ricos a arcar com os prejuízos”, remata Ashoka Mody.

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