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Noam Chomsky: “Bruxelas e os bancos alemães estão a destruir a Grécia”

Numa entrevista ao Euronews, o linguista, filósofo e ativista político defendeu o perdão da dívida da Grécia e de outros países como Espanha e Portugal. Sublinhando que “a Europa tem problemas sérios”, Chomsky frisou que “alguns desses problemas resultam de políticas económicas concebidas pelos burocratas, em Bruxelas, sob pressão da NATO e dos grandes bancos, principalmente alemães”.

“O Syriza ganhou força na base de uma vaga popular, que disse que a Grécia não se devia continuar a sujeitar às políticas de Bruxelas e aos bancos alemães, que estão a destruir o país”, avançou Noam Chomsky durante uma entrevista ao Euronews, conduzida por Isabelle Kumar.

O linguista, filósofo e ativista político afirmou ainda que “o efeito destas políticas foi, na verdade, aumentar a dívida da Grécia em relação à produção de riqueza”, reforçando que “metade dos jovens estão no desemprego, 40% da população vive abaixo do limiar da pobreza e a Grécia está a ser destruída”.

Chomsky defendeu que a dívida grega deve ser perdoada, tal como aconteceu com a Alemanha.

“Em 1953, a Europa perdoou grande parte da dívida alemã, por forma a que a Alemanha se pudesse reconstruir dos danos provocados pela guerra”, lembrou.

Noam Chomsky considera ainda que a dívida de outros países, como Portugal e Espanha, também deve ser perdoada.

“Quem incorreu em dívida? A quem se deve? Em parte, a dívida foi contraída por ditadores. Na Grécia, foi a ditadura fascista, que os Estados Unidos apoiaram, quem contraiu grande parte da dívida”, referiu.

Chomsky acrescentou ainda que uma grande parte do resto da dívida “consiste, na verdade, em pagamentos aos bancos, alemães e franceses, que decidiram fazer empréstimos extremamente arriscados com juros não muito elevados e que agora estão a ser confrontados com o facto de poderem não ter o dinheiro de volta”.

Sobre a transformação a nível europeu, o linguista, filósofo e ativista político norte americano salientou que “a Europa tem problemas sérios” e que “alguns desses problemas resultam de políticas económicas concebidas pelos burocratas, em Bruxelas, a Comissão Europeia, etc., sob pressão da NATO e dos grandes bancos, principalmente alemães”.

“Estas políticas têm algum sentido do ponto de vista de quem as concebeu. Porque é certo que querem receber de volta o dinheiro que apostaram em empréstimos de risco e investimentos. São estas políticas que estão a provocar a erosão do Estado Social, do qual nunca gostaram”, afirmou.

Chomsky defendeu que “o Estado Social é um dos maiores contributos da Europa para a sociedade moderna”, adiantando que, para “os ricos e poderosos”, a erosão provocada por estas políticas é algo positivo.

Segundo Noam Chomsky, existe ainda um outro problema na Europa: “É que é extremamente racista”.

“Sempre senti que a Europa é, provavelmente, mais racista do que os Estados Unidos. Não era tão visível na Europa porque a população europeia, no passado, tendia a ser bastante homogénea. Se todos forem loiros e de olhos azuis, não se parecerá racista, mas assim que a população começa a mudar, o racismo começa a fazer-se notar. Muito depressa. E isso é um problema cultural sério na Europa”, alertou.

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