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Ex-deputado do PSD vai ganhar 10 mil euros como administrador da RTP

Gonçalo Reis, novo presidente do conselho de administração da RTP, irá receber mais de 3 mil euros mensais que o primeiro-ministro. Sindicatos da RTP e Bloco de Esquerda criticam valores salariais da nova administração da estação pública.
Foto de Miguel A. Lopes/Lusa.

A tabela remuneratória definida no estatuto do gestor público define que os administradores no Estado não podem ter uma remuneração superior à do primeiro-ministro (6850 euros por mês), mas uma norma criada em 2012 permite exceções.

Num despacho publicado na passada sexta-feira em Diário da República, o Governo autorizou a nova administração da estação de televisão pública a ganhar mais do que o primeiro-ministro, ao contrário do que sucede com os gestores públicos abrangidos pelo regime em vigor.

Gonçalo Reis, deputado do PSD entre 2002 e 2005 e novo presidente do conselho de administração da RTP, terá um salário mensal de 10 mil euros, mais de três mil euros acima do vencimento mensal de Pedro Passos Coelho. Nuno Artur Silva, novo vogal da administração da estação de televisão pública, irá receber mensalmente 7390 euros.

Ambos, nomeados em fevereiro, irão auferir mais do dobro do vencimento do ex-presidente da RTP, Alberto da Ponte, que quando indigitado optou por abdicar da exceção prevista na lei, recebendo 3500 euros.

Quem fala de sacrifícios, não pode pedir para si próprio uma exceção”, criticam sindicatos

“A situação de exceção já seria grave por si só. Mas torna-se ainda mais insultuosa quando todos sabemos o que tem acontecido na RTP nos últimos ano e continua a acontecer”, referem, num comunicado conjunto, os sindicatos dos funcionários da estação televisiva.

“Quem sempre fala de sacrifícios em nome da viabilidade financeira da empresa, não pode agora pedir para si próprio uma excepção”, consideram os sindicatos, salientando que não são apenas os administradores que “têm casa para pagar, filhos para alimentar e compromissos para cumprir”.

No comunicado, os sindicatos relembram que há dois anos negoceiam “sem tréguas” um processo de renovação do Acordo de Empresa, mas que no espaço de dois meses assistiram a "aumentos adicionais de custos com remunerações”, incluindo com os elementos do Conselho Geral Independente, que recebem, cada um, 500 euros por reunião.

Bloco critica salários da nova administração

A porta-voz do Bloco considerou que “é muito difícil o país compreender” os salários da nova administração da estação pública.

“Não deixa de ser estranho que trabalhadores da RTP, alguns até com salários abaixo da média das suas qualificações, para a sua carreira, estejam com salários congelados há sete anos e que o Governo se prepara para autorizar uma administração que vai ganhar mais que o primeiro-ministro”, afirmou Catarina Martins.

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