You are here

Investigadores europeus contestam desvio de fundos para o "plano Juncker"

Para financiar o seu "plano de investimento para a Europa", o líder da Comissão Europeia quer retirar verbas destinadas à ciência e investigação. A comunidade científica apela à pressão sobre os eurodeputados que irão votar o "plano Juncker".
Foto @notnixon/Flickr

O protesto contra este desvio de fundos da ciência para o "plano Juncker" juntou algumas das organizações científicas europeias mais importantes, como a Academia Europaea, Euroscience, Sociedade Europeia de Matemática ou a Liga de Universidades Europeias (LERU). As instituições consideram particularmente "injustificáveis" os cortes anunciados de 221 milhões de euros no orçamento do European Research Council e de 100 milhões nas iniciativas Marie Skolodowska-Curie.

Ao todo, a Comissão pretende tirar 2700 milhões de euros ao orçamento do programa Horizonte 2020 para os colocar no novo Fundo Europeu para os Investimentos Estratégicos (FEIE), apontando as vantagens deste para a inovação a longo prazo. Os investigadores contestam a decisão e argumentam que o trabalho que desenvolvem já provou ter mais impacto na inovação económica a longo prazo do que os programas de investimento geridos pelos governos. "A área do Horizonte 2020 que é mais afetada em números absolutos pelo FEIE é também aquela que não irá ganhar nada com ele",  diz a Liga Europeia de Universidades em comunicado.

Em alternativa aos cortes naqueles dois projetos de excelência na ciência europeia, os investigadores propõem uma maior contribuição por parte dos planos ligados às infraestruturas ou do pilar da indústria no Horizonte 2020, justificando-a por serem as áreas que irão beneficiar mais com o dinheiro vindo do "plano Juncker".

Para já, e na sequência da campanha contra os cortes na ciência – que em 2013 recolheu mais de 150 mil assinaturas de investigadores e o apoio de 44 laureados com o Nobel –, os mesmos promotores lançaram um apelo aos cientistas e cidadãos preocupados com o futuro da ciência europeia para enviarem emails aos eurodeputados do seu país, pedindo-lhes que ajudem a travar estes cortes nos orçamentos da European Research Council e das iniciativas Marie Skolodowska-Curie.

Marisa Matias: "Apresentámos emendas contra estes cortes e continuaremos a insistir nelas"

A eurodeputada do Bloco, enquanto relatora do Horizonte 2020, foi responsável pela negociação do reforço do financiamento às bolsas Marie Curie e ao orçamento do European Research Council. "Essas eram duas das nossas linhas vermelhas e conseguimos fazê-las passar", declarou Marisa Matias ao Esquerda.net. Agora, a Comissão Juncker quer retirar essas verbas, desviando-as para o FEIE, o que já motivou a apresentação de duas iniciativas da eurodeputada no Parlamento Europeu.

"Não só não vão buscar o dinheiro ao setor privado como vão buscar às poucas coisas que ainda funcionam bem na UE", criticou Marisa Matias, considerando "inadmissível que para esta engenharia financeira se vá buscar dinheiro público a estes programas"

Termos relacionados Internacional
(...)