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Mercado de trabalho encontra-se “numa situação depressiva sem precedentes”

O Observatório sobre Crises e Alternativas estima em 24,7% o desemprego "real" para 2014, contra os 13,5% oficiais, avançados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Se for tido em conta o subemprego, a percentagem sobe para 29,1%.
Foto de Paulete Matos.

A diminuição do desemprego e a criação de emprego são dois dados oficialmente referidos como sinais da retoma da economia, do fim da crise e do sucesso do programa de ajustamento. Na realidade, o mercado de trabalho português encontra-se numa situação depressiva sem precedentes e sem perspetivas de recuperar a prazo”, avança o Observatório sobre Crises e Alternativas no seu mais recente Barómetro das Crises.

A ideia de que o 'ajustamento' e a 'mudança estrutural' da economia portuguesa dariam lugar, depois da subida inevitável do desemprego, a um novo quadro de florescimento do emprego, não parece, de facto, encontrar suporte na realidade”, lê-se ainda no documento.

O Observatório sobre Crises e Alternativas estima em 24,7% o desemprego "real" para 2014, contra os 13,5% oficiais, avançados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Se for tido em conta o subemprego, a percentagem sobe para 29,1%.

O observatório coordenado por Carvalho da Silva esclarece que “o prolongamento e aprofundamento da crise ao longo de vários anos, que acarretou uma subida histórica do desemprego, introduziu uma nova situação na própria quantificação do fenómeno que os critérios oficiais, harmonizados pelos conceitos do Eurostat, não acompanham devidamente”.

“Essa dimensão do desemprego obriga a ter em conta realidades do mercado de trabalho situadas para lá do número oficial de desempregados, como é o caso dos desempregados ocupados, dos inativos desencorajados (que estando ou não disponíveis para trabalhar, se encontram efetivamente desempregados, apesar de não serem contabilizados enquanto tal), dos ativos migrantes, que traduzem os impactos acumulados da emigração e a redução da imigração no mercado de trabalho português, e, ainda, o subemprego”, acrescenta.

Os “ocupados”, entre os quais aqueles que o IEFP e a Segurança Social estão a encaminhar para formações e Contratos de Emprego-Inserção, atingem “níveis absolutamente inéditos na história recente do mercado de trabalho português”. Se até 2012, o número nunca ultrapassou os 40 mil, no final de 2014 ascendia a 171 mil.

O Observatório desmente a propaganda da maioria de direita PSD/CDS-PP sobre a subida do emprego e descida do desemprego esclarecendo que, ao contrário, “é mais adequado falar-se numa situação de estabilização do desemprego em níveis bastante elevados”. O emprego criado assenta, por sua vez, “em bases frágeis”, com condições precárias, instáveis e mal pagas.

No Barómetros das Crises é feito um alerta sobre a existência de uma divergência crescente entre o Desemprego “Oficial” e o Desemprego “Real”.

“Se no primeiro trimestre de 2011 este diferencial se situava em cerca de quatro pontos percentuais, em 2013 passa para oito pontos percentuais e atinge os onze pontos percentuais no final de 2014. E se, às estimativas de Desemprego "Real", juntarmos ainda o subemprego, essa diferença passa de sete pontos percentuais em 2011 para treze pontos percentuais em 2013, atingindo um valor de dezasseis pontos percentuais no final de 2014”, lê-se no documento.

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