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Herberto Helder (1930-2015)

O poeta morreu esta segunda-feira aos 84 anos, na sua casa, em Cascais. As causas da morte são ainda desconhecidas. Considerado o maior poeta português da segunda metade do século XX, Herberto Helder sempre declinou qualquer título, prémio ou honraria.

Herberto Helder Luís Bernardes de Oliveira nasceu a 23 de novembro de 1930 no Funchal, no seio de uma família de origem judaica.

Aos 16 anos viaja para Lisboa para estudar e, em 1948, matricula-se na Faculdade de Direito de Coimbra. Um ano depois, muda para a Faculdade de Letras onde frequenta, durante três anos, o curso de Filologia Romântica, que não chegou a terminar.

A publicação do seu primeiro poema data de 1954, contudo, o seu primeiro livro, "O Amor em Visita", foi publicado quatro anos mais tarde. À época, o poeta frequentava o círculo modernista do Café Gelo, no Rossio, em Lisboa, convivendo com personalidades como Mário Cesariny, Luiz Pacheco, Hélder Macedo e João Vieira.

Durante os anos que se seguiram, Herberto Helder viveu em França, Holanda e Bélgica, onde teve vários trabalhos marginais. Repatriado em 1960, o poeta regressa a Portugal.

Uma década depois, viajou por Espanha, França, Bélgica, Holanda e Dinamarca. Em 1971 foi para Angola onde trabalhou como redactor numa revista. Enquanto repórter de guerra, foi vítima de um grave desastre, que lhe valeu uma hospitalização de três meses.

Entre 1973 e 1976, Herberto Helder contou ainda com passagens pelos EUA, França e Inglaterra.

Homem de vários ofícios, em Portugal, Herberto Helder foi meteorologista, delegado de propaganda de produtos farmacêuticos, angariador de publicidade e bibliotecário, antes de se dedicar ao jornalismo.

Colaborou em diversas publicações como Graal, Cadernos de Poesia, Poesia Experimental 1 e 2, A Briosa, Re-nhau-nhau, Búzio, Folhas de Poesia, Cadernos do Meio-dia, Pirâmide, Távola Redonda, Jornal de Letras e Artes.

A sua obra inclui: Poesia – O Amor em Visita (1958); A Colher na Boca (1961); Poemacto (1961); Retrato em Movimento (1967); O Bebedor Nocturno (1968); Vocação Animal (1971); Cobra (1977); O Corpo o Luxo a Obra (1978); Photomaton & Vox (1979); Flash (1980); A Cabeça entre as Mãos (1982); As Magias (1987); Última Ciência (1988); Do Mundo, (1994); Poesia Toda (1º vol. de 1953 a 1966; 2º vol. de 1963 a 1971) (1973); Poesia Toda (1ª ed. Em 1981); A Faca Não Corta o Fogo - Súmula & Inédita (2008); Ofício Cantante (2009); Servidões (2013); A Morte Sem Mestre (2014); Ficção: Os Passos em Volta (1963); Apresentação do Rosto (1968) - autobiografia que foi apreendida pela Censura; e A Faca Não Corta o Fogo (2008).

Em 1968, envolveu-se na publicação de "Filosofia na Alcova", do Marquês de Sade, que desencadeou um processo judicial no qual foi condenado, com pena suspensa, o que não impediu que fosse despedido da Emissora Nacional, onde trabalhava como redactor do noticiário internacional.

Herberto Helder sempre declinou qualquer título, prémio ou honraria

Herberto Helder sempre declinou qualquer título, prémio ou honraria. Em 1994, foi distinguido pela sua obra com o Prémio Pessoa, no valor de 100 mil euros, que rejeitou. "Não digam a ninguém e dêem o prémio a outro", pediu ao júri. Aos setenta anos, o poeta recusou-se ainda a ser bustificado no Parque dos Poetas, em Oeiras, conforme pretendia o autarca Isaltino Morais.

Evitando desde sempre qualquer exposição mediática, raramente concedeu entrevistas ou permitiu ser fotografado, mantendo-se sempre que possível no mais estrito anonimato.

Herberto Helder é um “poeta maior que ficará entre a meia dúzia de nomes incontornáveis da poesia portuguesa do século XX”, afirmou esta terça-feira o grupo editorial Porto Editora.

O Esquerda.net envia as suas condolências à família e amigos de Herberto Helder.

Herberto Helder - A morte sem mestre - CD

Herberto Helder :: Levanto à vista / Dito por Fernando Alves

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